O preço do ovo deve continuar em alta nos próximos meses, puxada principalmente pelo aumento da demanda no período e pelo preço das carnes. O aumento, que já é perceptível no atacado, deve chegar aos supermercados ainda neste mês, e a estabilidade deve ocorrer após o período da Quaresma, que neste ano se encerra em 17 de abril.

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O impulso de alta se iniciou na segunda quinzena de janeiro e deve se intensificar em fevereiro. Em janeiro, a dúzia do ovo apurada pelo Procon-SP foi de R$ 10,67.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na cidade de Bastos, interior de São Paulo, um importante polo produtor de ovos, a caixa do produto está 20% mais cara do que há um ano.

Em 14 de fevereiro do ano passado, a caixa com 30 dúzias (360 unidades) de ovos brancos na cidade de Bastos custava R$ 168,58 e, hoje, chega a R$ 208,97, ou cerca de 40% mais caro. Segundo o Cepea, o aumento em relação a dezembro de 2024 é maior ainda, em torno de 45%, percentual médio de alta do produto em outras regiões do Brasil.

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) avalia que os preços altos do atacado devem chegar à prateleira dos supermercados ainda em fevereiro. 

“Nossa expectativa é que entre fevereiro e março seja o período de maior pressão [de preços] aos consumidores domésticos. Em abril, a expectativa é que dê uma arrefecida”, diz Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas. 

Mas por que sobe tanto?

O período do início do ano é tradicionalmente uma época de maior demanda por ovos no Brasil, puxada, principalmente, pela substituição da carne pelo ovo como proteína, motivada pelo período religioso da Quaresma.

“Após longo período com preços em baixa, a comercialização de ovos se aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos”, avalia a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Soma-se a isso, aponta a ABPA, os custos de produção tiveram alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho – alimento das galinhas – e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens.

Além disso, segundo o Ceagesp-SP (Seção de Economia da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), no ano passado houve uma superprodução que provocou elevação nos estoques, que consequentemente fez com que o mercado reduzisse o plantel de galinhas destinadas à produção de ovos e diminuísse a oferta do produto.

*Estagiário sob supervisão.