08/05/2025 - 17:00
A banana é uma das frutas mais queridas dos brasileiros. Prova disso é que a fruta é a mais consumida e a segunda mais produzida no país, atrás apenas da laranja. Estima-se que cada brasileiro consuma, em média, 25 quilos de banana por ano, o que gera uma grande demanda e faz com que 99% da produção brasileira seja destinada ao mercado interno. Apesar da popularidade e da boa adaptação a terras brasileiras, ainda existem grandes desafios na produção.
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O Brasil ocupa a quarta colocação entre os países que mais produzem a fruta no planeta, atrás de Índia, China e Indonésia. Dentre os exportadores, o destaque vai para o Equador, que ocupa o primeiro lugar no ranking de fornecedores da fruta em escala global.

No Brasil, o setor de bananicultura fatura cerca de R$ 13,8 bilhões e gera 500 mil empregos diretos anualmente, segundo dados da Embrapa.
Apesar de ser muito associada ao nosso país, a banana não é de origem brasileira. A origem da fruta se deu no Sudeste Asiático, muito provavelmente na Índia. Não se sabe com certeza o local exato em que a banana surgiu, mas dados históricos mostram que a planta da bananeira já é cultivada por lá há mais de 4 mil anos. Trazida ao Brasil pelos portugueses, a bananicultura como atividade agrícola se desenvolveu apenas por volta de 1820.
Cenário da produção brasileira
Nos últimos anos, a produção de bananas do Brasil tem se estabilizado acima das 6,6 milhões de toneladas, com o estado de São Paulo se consolidando como maior produtor, segundo o índice mais recente do IBGE – Produção Agrícola Municipal. O estado paulista produziu 976.455 toneladas da fruta com uma área colhida de 45.770 hectares.

Segundo o Comex Stat (plataforma de estatísticas do governo sobre exportações), em 2024 as exportações tiveram uma queda de 13% na comparação com o ano anterior. De acordo com o Hortifrúti/Cepea, a oferta controlada de nanica em âmbito nacional e a concorrência com alguns países em certos períodos, como Bolívia e Paraguai, foram as principais explicações para a queda.
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Um dos maiores exportadores de banana do Brasil para a Europa, Edson Brock conta que saiu de São Paulo para produzir bananas no Ceará. Atualmente diretor-executivo da Brock Fresh, ele explica que a questão logística pesa para que o país ainda não seja um grande participante nas exportações globais de banana.
“Se supormos que a região de São Paulo e Santa Catarina, por exemplo, estão exportando banana para a Europa, eles já perderiam oito dias em relação a quem está no Nordeste. É o tempo que demora para um navio de Santos chegar ao Porto do Pecém no Ceará. Você teria de colher a fruta em condições de sobreviver oito dias a mais do que já sobrevive no Nordeste. A logística também define que a América Central seja muito mais competitiva que o Brasil”, explica Brock.

Segundo Helida Leão, mestre em Agronomia, as perdas devido às dificuldades logísticas podem chegar a 60% da produção. Ela explicou à IstoÉ Dinheiro Rural, que as perdas estão diretamente ligadas à perecibilidade do produto.
“Quando amassa e ela fica com a casca preta, acaba perdendo apelo comercial, pois as pessoas não têm atração por esse tipo de produto. E, apesar, de não significar que a fruta esteja imprópria para o consumo, ela acaba por muitas vezes sendo descartada”, explica a agrônoma.
Ainda sobre os desafios, Brock ressalta que a produção de bananas no país tem tecnologias empregadas nas mais diversas etapas do cultivo, principalmente no combate a Sigatoka Negra, uma das pragas que mais afetam a plantação de bananas, o que, segundo ele, gera altos custos e dificulta a produção.
“Sou totalmente contra esse negócio de ‘preço de banana’. A banana tem muita tecnificação hoje em dia. Produzir banana às vezes custa caro, a dona de casa sabe disso, porque ela compra e dá valor”, diz o produtor.
*Estagiário sob supervisão