08/11/2020 - 7:00
No 5º dia do apagão, o fornecimento de energia elétrica começou a ser restabelecido no Amapá neste sábado, 7, com rodízio em turnos de seis horas. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, informou no fim da tarde que 65% da carga do Estado havia sido retomada. O serviço deve voltar ao normal até o fim da próxima semana. Ao menos 13 dos 16 municípios do Estado foram afetados pelo blecaute causado por incêndio em uma subestação de energia na noite de terça-feira. Amapaenses relataram dificuldade para conseguir água e comida na semana.
“Conseguimos restaurar boa parte da carga do Estado e esperamos que isso vá se restabelecendo até 100% nos próximos dias”, disse o ministro, após vistoriar os trabalhos em Macapá junto do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Em vídeo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro deu a previsão de dez dias para retomar todo o serviço.
Na madrugada, a energia foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional após a conclusão dos reparos em um dos transformadores da subestação de energia queimada. O conserto foi concluído às 3 horas da manhã. Os primeiros consumidores começaram a receber eletricidade às 4h19. Cerca de 90% dos 860 mil moradores do Estado chegaram a ficar sem luz.
A retomada ainda não atende a todas as áreas da capital. O nível de carga do transformador chegou em 100 megawatts (MW) ontem. Conforme a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), é preciso chegar à 120 MW, além dos 30 MW de carga que estão sendo distribuídos por meio da Usina de Coaracy Nunes para atender, ainda que de forma limitada, as treze cidades sem luz.
Conforme o governo estadual, um cronograma de racionamento para os próximos dias será divulgado. “O rodízio será em turnos de 6 horas”, disse. A restrição de atendimento não vale para serviços essenciais, como os de saúde. Segundo o governador Waldez Góes (PDT), nenhum hospital ou unidade de saúde teve o fornecimento de energia interrompido no blecaute – houve uso de geradores para manter o funcionamento.
“Aos poucos a energia retorna em alguns locais do Estado, na capital Macapá e em Santana”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em vídeo nas redes sociais. Na noite de anteontem, moradores fizeram protestos nas ruas.
Desinfecção da água
Em Macapá, a prefeitura manteve a distribuição de água para moradores desabastecidos em ao menos três pontos da cidade no sábado. O governo estadual ainda anunciou a locação de caminhões-pipa, geradores e combustível. Para evitar a venda de água mineral e outros itens básicos por preços abusivos, o Procon anunciou inspeções.
O Estado também começou a distribuir 15 mil caixas de hipoclorito de sódio a 2,5% para a população para ser diluído em um litro de água. Segundo a gestão, o produto tem o objetivo de desinfetar e tornar a água potável. “O objetivo é prevenir doenças oportunistas que podem ser geradas com o consumo de água não própria”, informou.
Segundo Albuquerque, foram iniciados estudos de planejamento energético para evitar novas crises. “Serão apuradas responsabilidades e um procedimento administrativo foi iniciado na quarta pela manhã, logo após o incidente”, disse o ministro. O Ministério Público Federal também investiga o caso.
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro, sugeriu ontem que uma empresa particular pode ter sido responsável pelo apagão que atinge o Estado. Ele disse que “não queria culpar ninguém”, mas, sem citar nomes, questionou o trabalho de manutenção realizado pela companhia. “Acho que falhou a manutenção da empresa particular que fornece a energia”, disse, em vídeo nas redes sociais.
A subestação e a linha de transmissão que falharam são da Gemini Energy, gerida por fundos de investimento. A concessão, formalmente chamada de Linhas de Macapá Transmissora de Energia, pertencia à Isolux, que entrou em recuperação judicial na Espanha. No fim de 2019, a linha foi comprada pela Gemini. Procurada na noite de sábado para comentar a acusação, a Gemini não se manifestou.