A Amazon Brasil está se mexendo para ampliar a presença de lojistas locais em sua plataforma: nesta semana, a empresa lançou uma plataforma que coletará produtos no endereço dos vendedores. A gigante americana também vai abrir espaço em seu estoque para mercadorias de terceiros, além de poder dar um “empurrãozinho” para que eles consigam vender para o exterior. A estratégia Delivery by Amazon inclui ainda outras vantagens e serve tanto ao objetivo de ampliar o tráfego na plataforma da companhia quanto à tentativa de se impor como uma opção a gigantes do e-commerce como Mercado Livre, Americanas e Magazine Luiza.

No Brasil, segundo especialistas, ainda não há um grande vencedor dessa corrida para se tornar o principal ecossistema de compras dos consumidores. Apesar de o Mercado Livre ser considerado o líder do segmento, o esforço das brasileiras Magazine Luiza, Lojas Americanas e Via Varejo soma-se às investidas das asiáticas AliExpress e Shopee e, agora, da Amazon.

Segundo dados de mercado, enquanto Magazine Luiza, Americanas e Via estão empatados em cerca de 100 mil lojistas virtuais para cada uma e o Mercado Livre – que nasceu como um ambiente onde pessoas físicas podem fazer vendas – tem mais de 12 milhões de cadastros na América Latina, a Amazon e as recém-chegadas asiáticas não abrem seus números locais.

O executivo Ricardo Garrido, diretor da “loja de vendedores parceiros da Amazon Brasil”, limita-se a dizer que a empresa deu treinamento para cerca de 100 mil empreendedores, entre 2020 e 2021, mas sem especificar se eles eram ou se tornaram lojistas da plataforma.

Embora não exista um ranking oficial dos marketplaces no País, Alberto Serrentino, da consultoria Varese, afirma que o Mercado Livre, sem dúvida, é o líder isolado. Depois viriam Magalu, Americanas e Via. “Depois, Amazon e, então, AliExpress e Shopee, ambas crescendo forte”, diz.

A nova estratégia da Amazon inclui também um programa de recompensas: se o vendedor utilizar a armazenagem de produtos e a retirada de mercadorias, ele recebe R$ 300 na conta da gigante americana. Além disso, a cada produto de alta procura adicionado, ganha R$ 6. Essa última vendida visa adequar a oferta do site ao gosto do cliente.

Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, essa forma de estimular o cliente a migrar para os serviços de entrega da companhia faz parte de uma estratégia já presente nas demais varejistas do País. “Está muito claro que o NPS (índice que mede a intenção do cliente de recomendar o serviço) do marketplace só funciona quando a entrega é feita pelo próprio ecossistema. Isso muda radicalmente o nível de serviços que se consegue entregar”, afirma.

Críticas

No entanto, nos EUA, a Amazon é acusada de forçar vendedores a contratar seus serviços, além de utilizar os dados de lojistas para desenvolver produtos próprios a preços mais competitivos e, assim, sufocar as vendas desses empreendedores. O problema chegou a inspirar um projeto de lei que tramita no Congresso americano. Caso seja aprovado, será ilegal que uma empresa venda serviços como condição de acesso à sua plataforma. A companhia também não poderá beneficiar seus próprios produtos em detrimento dos itens de seus vendedores.

Questionado sobre as críticas que a empresa sofre no exterior, Garrido diz desconhecê-las. Em junho, a Amazon dos EUA disse em nota ao Estadão/Broadcast que, assim como outros varejistas, analisa as vendas e os dados da loja para fornecer aos clientes a melhor experiência possível. “No entanto, proibimos estritamente nossos funcionários de usar dados não públicos específicos do vendedor para determinar quais produtos de marca própria lançar”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.