A diretora e estrategista para Brasil e América Latina do JPMorgan Emy Shayo Cherman disse há pouco que o banco continua com uma posição ‘overweight’ para as ações brasileiras entre os mercados emergentes, diante do impulso esperado do cenário externo para o País. Ela participa de evento organizado pelo Brazil-Florida Business Council na noite de hoje.

“Estamos vendo um ambiente global que é realmente único para o Brasil neste momento: ‘a’, a reabertura da China; ‘b’, estamos chegando ao pico do ciclo do Fed Federal Reserve, o banco central americano, quando o Fed vai parar de subir os juros”, disse Shayo. “Mais importante, podemos estar vendo o fim do ‘regime de dólar forte’, e não vimos isso desde 2014 na América Latina.”

Segundo a estrategista, essa combinação de fatores pode motivar um fluxo de recursos para o Brasil, mesmo em um cenário no qual os preços de commodities fiquem parados, diante da autossuficiência do País em energia e alimentos. Ao mesmo tempo, as ações do Brasil estão “baratas” e podem ajudar a atrair investimentos.

“Somos um dos mercados mais baratos do mundo. Os únicos mercados emergentes mais baratos que o Brasil são o Egito, Turquia, Hungria e Colômbia”, disse.

Esse cenário tem a ver com o nível da taxa Selic, que está elevado e deve permanecer mais alto, devido à combinação entre incerteza política e fiscal e à dinâmica inflacionária. O JPMorgan espera que o Banco Central comece a cortar juros apenas no quarto trimestre, a 12,75% no fim de 2023.

“Mas ainda acho que o cenário global e os preços podem levantar o Brasil”, afirmou.

A estrategista afirmou que o JPMorgan continua avaliando positivamente as ações dos setores de materiais básicos, que devem se beneficiar da reabertura da China, e de alimentos e bebidas, que podem ser favorecidos por programas como o Bolsa Família.

Segundo a estrategista, os principais pontos da agenda macroeconômica a se monitorar à frente serão a proposta de âncora fiscal, a reforma tributária e se o governo vai tentar desfazer reformas já aprovadas, além da nomeação dos dois novos diretores do Banco Central em fevereiro.