24/04/2022 - 7:00
A primeira noite do Grupo Especial de São Paulo foi marcada pela emoção e alegria do retorno ao sambódromo, com muitas escolas fazendo referências às demais agremiações e defendendo a história do samba paulistano. Os enredos – em sua maior parte – apresentaram críticas sociais e retomaram referências culturais ou religiosas típicas de antigas exibições. As arquibancadas estavam cheias, mas os ingressos não chegaram a esgotar.
O abre-alas da primeira a entrar no Anhembi, a Acadêmicos do Tucuruvi, promoveu um retorno aos carnavais antigos, dos corsos, cordões e blocos de rua, propondo, dessa maneira, uma reflexão sobre a essência da folia.
Nas laterais, destaques desfilaram sentadas sobre meias luas suspensas e estandartes lembravam precursores do carnaval paulistano, como a Lavapés e o Cordão da Barra Funda. Logo atrás, uma ala inteira trazia desfilantes com as cores e estandartes do Vai-Vai – e todas as “coirmãs” foram lembradas depois. E houve até espaço a críticas à festa atual, questionando se a essência da festa popular permanece. “Cadê o samba que estava aqui?”
Com uma saudação às pessoas marginalizadas, a Colorado do Brás na sequência trouxe, entre as alas, um homem vestido como pessoa em situação de rua que “usava” um cartaz de papelão que dizia que Carolina de Jesus, escritora e tema da escola, era a sua voz. Entre os destaques, o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira vestia roupas que lembravam papelão dourado.
O desfile seguinte atrasou. Com problemas técnicos, o abre-alas da Mancha Verde entrou no sambódromo depois de 12 minutos, porém, a escola não estourou o tempo regulamentar do desfile com o enredo Planeta Água. A ressaltar a água que jorrava da boca de alegorias de peixes e telões que exibiam quedas d’água.
Já o enredo da Tom Maior, que fez uma transposição da história de O Pequeno Príncipe para o sertão nordestino inspirada em um cordel de Josué Limeira e Vladimir Barros, foi um dos primeiros a atrair o público.
Na bateria, os ritmistas estavam trajados de pilotos de avião e o último carro trazia um carrossel de aviões.
Posteriormente, a Unidos de Vila Maria fez um desfile de reflexão sobre a solidariedade e a coletividade. “O mundo precisa de cada um de nós. A Vila é porta-voz”, cantou a escola.
Penúltima a desfilar, a Acadêmicos do Tatuapé narrou a história do café e chegou à dispersão com “Acredita, Tatuapé” pelos microfones. “Eu acredito”, repetiam os integrantes, emocionados.
Baluartes
Por fim, em exibição que começou às 6h45 (1h45 depois do previsto por atraso no início do desfile e entre duas escolas, pois havia óleo na pista), a Dragões da Real encerrou o primeiro dia.
O enredo abordou a vida e a obra do compositor Adoniran Barbosa, com um dos netos do artista (Alfredo Rubinato) entre os 11 autores do samba-enredo.
Mas o fim lembrou em muito o começo das apresentações. Alas lembraram escolas tradicionais: Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Unidos do Peruche, Nenê de Vila Matilde e Unidos de Vila Maria.
Já o último carro homenageou baluartes do carnaval paulista, como Seu Carlão da Peruche. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.