07/03/2023 - 19:45
Cautela. Essa deve ser a palavra de ordem no agronegócio para 2023. Apesar da perspectiva de um novo recorde na safra, acima de 300 milhões de toneladas de grãos, o cenário exigirá prudência do setor. Três devem ser os pontos de atenção, segundo analistas ouvidos pela RURAL. O primeiro é intrínseco à própria atividade. Com safra recorde à vista, o agricultor precisa redobrar o cuidado com a gestão da produção para evitar perdas de mercadorias e financeiras. O segundo, diz respeito ao Brasil já que ainda não estão claras as regras da política agrícola sob o terceiro mandato do presidente Lula. E, finalmente, no cenário mundial, a guerra na Ucrânia que já se arrasta por um ano e deve manter elevados os gastos com insumos e combustíveis.
No primeiro desafio, estudo do Rabobank cita a infraestrutura do País como o velho calcanhar de aquiles. Afinal, diante do volume de commodities que devem deixar o campo pode haver uma batalha entre oferta e demanda. Efeito colateral provável é o encarecimento do frete. E não é só isso.“Safra recorde traz desafios também na capacidade de armazenagem e no crescimento da necessidade de financiamento para o setor”, disse o analista do Rabobank, Andy Duffy.
E quando se fala em financiamento, logo se chega a perguntas ainda sem respostas como taxa de juros, crescimento do PIB e mesmo Plano Safra 2023/24. Em sua projeção para o ano, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aposta para redução da Selic de 13,75%, para 11,75%, e PIB de 0,75%. Estimativas pouco mais otimistas do que a análise do Rabobank que aponta para taxa ainda menor. A razão, afirmou Renan Alves, analista da instituição, tem relação direta com o terceiro ponto de ameaça. “A inflação e a guerra encareceram demais os custos e agora estimamos alta de apenas 0,6% para o PIB 2023”.
Eis aqui o maior medo com o prolongamento da guerra: escassez de insumos e custos maiores. Diante das incertezas, a CNA prevê que o PIB do agro vá da estabilidade à alta de 2,5%. Para Bruno Lucchi, diretor técnico da entidade, ainda que pareça baixo, ele tem como base valores altos. “A atividade segue importante, trazendo divisas relevantes para o País”. Divisas essas que virão das principais commodities, cujas projeções você acompanha nas próximas páginas do especial Perspectivas 2023.