23/03/2021 - 11:25
Antes mesmo de ser oficialmente empossado como novo ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, o quarto a ocupar o cargo desde o início da pandemia de covid-19, o cardiologista Marcelo Queiroga foi cobrado pelo Ministério Público Federal a prestar esclarecimentos sobre a gestão da crise sanitária.
O pedido de informações da Procuradoria da República no Distrito Federal foi divulgado pela repórter Camila Bomfim no Jornal Nacional, da TV Globo, desta segunda-feira, 22. Queiroga terá 15 dias para responder sobre os seguintes pontos:
– Retirada do aplicativo TrateCov do ar: lançada pelo Ministério da Saúde, a plataforma recomendava o uso de ivermectina e cloroquina, medicamentos sem eficácia comprovada, aos pacientes com suspeita de infecção pelo novo coronavírus.
– Nota informativa, publicada em maio, com orientações para manuseio de medicamentos precoces de pacientes com covid-19. A Procuradoria quer saber as evidências científicas usadas para embasar o documento.
– Recursos investidos pelo Ministério da Saúde em ações e programas de prevenção e combate à covid-19;
– Campanhas e peças publicitárias desenvolvidas e aprovadas pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus e sobre a vacinação.
O documento, obtido pelo Estadão, é assinado pela procuradora Luciana Loureiro de Oliveira. Ela é responsável pelo inquérito civil aberto para apurar se houve improbidade administrativa do ministério na condução da pandemia do coronavírus. Entre os pontos investigados pela Procuradoria estão o uso de recursos públicos para compra de medicamentos sem eficácia comprovada para tratamento da covid-19, possível omissão na aquisição de vacinas e suposta baixa execução orçamentária dos recursos federais nas ações específicas de combate à doença.
O pedido de esclarecimentos sinaliza que, além da chefia da pasta, o novo ministro herda também os ônus da gestão do general Eduardo Pazuello – que também é alvo de outra investigação aberta na esteira do colapso do sistema de saúde em Manaus. Anunciado pelo governo na semana passada, Marcelo Queiroga já teve a data da posse adiada diversas vezes. Com a demora na oficialização da troca, a pasta está sem comando definido no momento mais letal da pandemia.