22/11/2022 - 11:46
A nova onda da covid-19 tem preocupado especialistas pela maior resistência às barreiras vacinais e transmissibilidade das novas cepas do coronavírus. Em meio a este cenário, a vacina bivalente da Pfizer se tornou uma esperança: por ser mais atualizada e conter uma mistura de cepas do vírus SarsCov-2, o imunizante pode garantir uma proteção maior contra as novas variantes. O imunizante está em fase da aprovação para uso emergencial no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que realizará uma reunião extraordinária nesta terça-feira, 22, para decidir sobre a liberação.
Hoje, as subvariantes que mais preocupam autoridades sanitárias ao redor do mundo são a BQ.1 e a XBB, ambas da linhagem da Ômicron – variante contra a qual a vacina bivalente da Pfizer possui proteção específica, diferentemente dos imunizantes disponível no Brasil.
Segundo especialistas, os imunizantes disponíveis hoje nos postos de saúde do País conferem uma proteção mínima contra as novas variantes, mas é preciso que as pessoas tomem todas as doses de reforço necessárias. Para pessoas imunossuprimidas, como pacientes recém transplantados, pessoas com câncer ou doença de lúpus, os infectologistas afirmam que a imunização com a vacina bivalente, mais atualizada, é bastante importante.
As novas cepas e a vacina bivalente
A BQ.1 provocou surtos de covid-19 na Europa na metade do ano, foi encontrada no Brasil nos últimos meses e pode ser uma das responsáveis pelo aumento no número de casos da doença no País. Já a XBB tem maior número de casos na Ásia, em especial na Índia e em Cingapura, mas está mais ligada a casos fatais.
Segundo Julio Croda, médico infectologista da Fiocruz e professor da UFMS, apesar de os estudos sobre a proteção da vacina bivalente contra a BQ.1 ainda não terem sido concluídos, a composição do imunizante indica maior proteção contra a subvariante.
“A BQ.1 tem escape de reposta imune maior e já temos dados dela sobre anticorpo neutralizante, que está relacionado à proteção contra infecção. Dessa forma, fica claro que a vacina bivalente garante maior nível de anticorpo neutralizante e, portanto, maior proteção para a BQ.1?, diz o especialista.
Em nota, a Pfizer informou que ainda está investigando a taxa de efetividade da vacina atualizada em relação à BQ.1. No entanto, a farmacêutica afirma que já tem comprovação de que o imunizante aumenta significativamente o número de anticorpos contra a Ômicron e que pessoas que receberam esta vacina estão mais protegidas do que as que tomaram outros imunizantes.
Estudos iniciais
A última atualização feita no imunizante da Pfizer, que recebeu o nome de vacina bivalente, visa tanto a forma original do coronavírus quanto as variantes BA.4 e BA.5 da Ômicron. Os estudos estão na segunda fase de um total de três e as descobertas ainda não foram revisadas por pares, mas os resultados iniciais são positivos.
Segundo os dados já publicados pela Pfizer e pela BioNTech, em pessoas com mais de 55 anos, o reforço da vacina bivalente foi associado a um aumento de mais de 13 vezes nos níveis de anticorpos em comparação com os níveis pré-reforço.
“Esses dados demonstram que nossa vacina bivalente adaptada BA.4/BA.5 funciona conforme planejado para fornecer proteção mais forte contra as sublinhagens Omicron BA.4 e BA.5, disse Ugur Sahin, CEO e cofundador da BioNTech, parceira da Pfizer no desenvolvimento do imunizante, em um comunicado.
“Na próxima etapa e como parte de nossa abordagem baseada na ciência, continuaremos a avaliar a neutralização cruzada da vacina adaptada contra novas variantes e sublinhagens. Nosso objetivo é fornecer imunidade mais ampla contra a Covid-19 causado pelo SARS-CoV-2, incluindo Ômicron e outras cepas circulantes”, completou.
Aprovação no Brasil
Os técnicos da Anvisa vão se reunir nesta terça-feira às 18h para deliberar sobre duas solicitações de uso da vacina bivalente da Pfizer na população acima de 12 anos de idade. A reunião extraordinária foi convocada após o aumento de casos de covid-19 no País e a pressão de especialistas da saúde para que o órgão agilizasse os testes e a liberação do imunizante.
O pedido de uso emergencial da vacina foi encaminhado pela Pfizer à Anvisa no dia 30 de setembro deste ano e, desde então, o órgão tem analisado a demanda. Antes de a reunião ser a convocada, a agência e o Ministério da Saúde mantinham silêncio sobre o prazo para conclusão do procedimento e a previsão de quando as novas doses poderiam começar a ser aplicadas.
Em nota divulgada na semana passada, a Anvisa afirma que “os processos estão em fase final de análise pela área técnica”. A etapa seguinte ao término da avaliação pelos técnicos é o encaminhamento do parecer à Diretoria da agência para deliberação do pedido de uso emergencial. Quando questionada, a Avisa responde que ainda não fixada a data para a decisão e contemporiza que providências devem ser adotar “em breve”.