24/09/2020 - 20:01
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira, 24, que se as terras indígenas passassem a ocupar área equivalente a 20% do território nacional, o agronegócio seria “inviabilizado”. Atualmente, 13,8% da extensão do País é reservada a povos indígenas. Ele alegou ainda que a expansão das terras indígenas para 20% do território seria uma vontade de “alguns países do primeiro mundo”.
Após ter rebatido críticas à sua política ambiental na última terça-feira, 22, em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), hoje o presidente voltou a dizer que é acusado de “tocar fogo” na Amazônia e no Pantanal “ou não tomar providências” em relação ao alastramento das queimadas nas duas regiões. Segundo o mandatário, o Brasil seria alvo de “um ataque criminoso” e “desinformação” como parte de um “jogo econômico”.
Também participa da live semanal o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A transmissão é feita de São Paulo (SP), uma vez que o presidente passará amanhã, 25, por cirurgia no hospital Albert Einstein para remover um cálculo da bexiga.
Bolsonaro repetiu a afirmação de que o Brasil seria “o país que mais preserva” florestas tropicais, sem explicar, contudo, que fomos também o país com a maior perda desse tipo de cobertura vegetal em 2019. “Temos commodities, o que produzimos no campo. Tem países – não quero citar nomes para não ter polêmica, mas o pessoal deve saber qual país europeu está interessado nisso – que nos acusam de ser terroristas ambientais”, continuou o presidente.
Além de países europeus e a imprensa, ele acusou a esquerda de, supostamente, “se aproveitar” dos incêndios florestais para tentar prejudicá-lo. Bolsonaro também repetiu, a exemplo da fala à ONU, que, nas suas palavras, “o índio” e “o caboclo tocam fogo no roçado”.
“Fazemos o trabalho de conter o foco de incêndio, mas, problemas e medidas equivocadas no passado potencializam os incêndios”, alegou o presidente.
Nesse ponto, Salles voltou a defender o uso do fogo de forma preventiva para diminuir o acúmulo de matéria orgânica no solo. O ministro também repetiu a alegação de que o “núcleo” da floresta, por ser úmido, não estaria pegando fogo. “Pega no entorno da floresta, com a diminuição da vegetação pela intervenção humana ao longo de 500 anos”, acrescentou.