28/03/2021 - 18:34
Após o chefe do Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acusar a senadora Kátia Abreu (PP-TO) de atuar em favor de interesses da China, especificamente na questão do mercado de 5G, senadores fizeram novas críticas ao chanceler e voltaram a pedir sua demissão.
O presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), lamentou a criação da celeuma. “No momento em que há um grande esforço para a pacificação e o entendimento, lamento muito que justamente o responsável por nossa diplomacia venha a criar mais um contencioso político para as instituições. O Brasil e o povo brasileiro não merecem isso”, escreveu Nogueira no Twitter.
O senador Weverton (PDT-MA) disse que “já passou da hora de Ernesto Araujo ser demitido do Itamaraty” e que ele, para se manter no cargo, abre uma guerra de fake news contra senadores.
“Encurralado pela péssima gestão à frente da política externa brasileira, principalmente na compra de vacinas, Ernesto Araujo tenta se manter no cargo abrindo uma guerra de fake news contra senadores sérios como @KatiaAbreu”, escreveu Weverton na mesma rede social. “Não vamos aceitar mais esse desrespeito contra o Senado Federal e o Congresso Nacional. Táticas de mobilização, com cortinas de fumaça, não funcionarão. Já passou da hora de Ernesto Araujo ser demitido do Itamaraty”, completou.
Mais cedo neste domingo, 28, o chanceler divulgou nas redes sociais o conteúdo de uma conversa reservada com a senadora Kátia Abreu durante um almoço no Itamaraty, insinuando que ela teria feito lobby em favor do 5G da China.
“Em 4/3 recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: “Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.” Não fiz gesto algum”, escreveu Ernesto em sua conta no Twitter neste domingo. “Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria”.
A publicação de hoje é um contra-ataque do ministro ao Senado, após parlamentares da Casa cobrarem publicamente sua demissão, e uma tentativa de endossar a narrativa sustentada nos bastidores por aliados do chanceler sobre qual seria o motivo de sua “fritura”, a de que, sem ele no governo, o caminho estaria livre para os asiáticos entrarem no mercado brasileiro do 5G. Parte da equipe de Ernesto entende que o ministro virou um para-raio e sofre lobby contrário de chineses, que intensificaram o diálogo direto com o Congresso e reclamaram dele para o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).
Há, no entanto, uma avaliação generalizada e vocalizada de que Ernesto é responsável pelo fracasso das negociações internacionais para a compra de vacinas contra a covid-19 e isso é o que tem motivado a pressão recente pela sua saída do cargo. A gestão dele à frente da política externa brasileira está sendo contestada e reprovada não só pela cúpula do Congresso, mas também por economistas, empresários, militares, governadores, prefeitos e até por diplomatas.