01/06/2010 - 0:00
A casa dos barões: a fachada imponente era uma das marcas do prédio da bolsa, inaugurada em Santos, em 1922
Um dos capítulos mais importantes da história do agronegócio brasileiro é guardado nas ruas estreitas do bucólico centro antigo da cidade de Santos, no litoral de São Paulo. É ali, mais precisamente na rua 15 de Março, que se encontra, encravado em uma esquina, um prédio antigo construído em 1922, dono de uma fachada imponente e arquitetura em estilo neoclássico.
Esse era o endereço da Bolsa de Comércio do Café, primeira bolsa de valores voltada para um produto agrícola no Brasil. Mais do que um edifício trata-se de um dos principais símbolos de uma época marcada pela pujança do café.
Passados quase 90 anos de sua inauguração, hoje o prédio abriga o Museu do Café e possibilita aos seus visitantes viajar para uma época em que a cafeicultura protagonizava o desenvolvimento do País. “A Bolsa foi construída com o objetivo de organizar as exportações brasileiras”, explica Lineu da Costa Lima, historiador e presidente do Museu do Café.
Grão de ouro: na sala do pregão, corretores vendiam o produto brasileiro para todas as partes do mundo
No amplo salão central aconteciam os pregões. Dali, saíam quase 80% do volume total das exportações brasileiras, num tempo em que o Brasil detinha cerca de 60% de todo o consumo mundial do produto. “O grão financiou a chegada das ferrovias e toda a industrialização da cidade”, diz Lima. Com a economia sustentada por essa cultura, os barões do café tinham, além de poder econômico, muito prestígio junto ao governo. Prova disso foram os anos da política “café com leite”, em que os Estados de Minas Gerais e São Paulo, principais produtores do produto, se revezavam no governo.
Hoje, restaurado e tombado como patrimônio cultural, o edifício abriga exposições permanentes e temporárias, além de um acervo de fotos, documentos e utensílios do século passado. “Os visitantes têm a chance de entender todo o desenvolvimento do comércio do café e do Porto de Santos”, ressalta Clara Versiani, diretora técnica do museu.
No prédio ainda é possível degustar alguns blends de café exclusivos. “Temos aqui um dos pedaços mais importantes da história do País, que precisa ser preservado e apreciado”, conta Clara.