Em vista dos altos custos de logística com o transporte de grãos até o eixo Sul-Sudeste, os portos da região do Arco Norte (Amazonas, Pará, Maranhão e Bahia) terão saltos de expansão na capacidade de escoamento nos próximos dez anos e devem reduzir mais de 30% do desembolso dos agricultores com frete. 

De acordo com o Ministério da Agricultura, a capacidade de exportação pelo Arco Norte deve aumentar em seis milhões de toneladas em 2015, porém, o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, disse que um pacote de R$ 3,4 bilhões em investimentos da iniciativa privada já está em andamento, para que esta capacidade chegue a 62 milhões de toneladas até meados de 2024. O Pró-Logística é um fórum coordenado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Entre os meses de janeiro e setembro deste ano, os portos localizados nos estados Maranhão (São Luis), Bahia (Salvador e Ilhéus), Amazonas (Manaus), Pará (Barcarena e Santarém) embarcaram 8,2 milhões de toneladas só de soja, ante as 6,7 milhões de toneladas exportadas no mesmo período de 2013.

A expansão prevista para o ano que vem “contribui para a redução do custo logístico na exportação e para reduzir a pressão nos portos do Sul e Sudeste”, diz o Ministério em nota, devido a proximidade com as áreas de grande produção de grãos, como o Mato Grosso. Questionada sobre as políticas que serão adotadas neste processo, a pasta informou que o ministro Neri Geller deve se pronunciar publicamente nos próximos dias.

Projeções

Ferreira conta que os investimentos nos portos de Itacoatiara, no Amazonas, e Santarém, no Pará, começaram a aumentar em meados de 2005, os demais tiveram início a partir de 2013, por isso as projeções de expansão através de capital privado indicam resultados concretos para 2024.

“Cada terminal portuário no Arco do Norte terá um custo avaliado entre R$ 150 e R$ 250 milhões, de acordo com a necessidade de obras de engenharia. Só em estações de transbordo [entre a hidrovia e o porto, por exemplo] serão investidos R$ 1 bilhão”, enfatiza.

As maiores apostas estão no aumento da capacidade dos portos paraenses de Vila do Conde e Outeiro, e de Itaqui, no Maranhão, com expectativa de que a capacidade de escoamento atinja 19 milhões de toneladas e 15 milhões de toneladas nos outros dois terminais, respectivamente, em dez anos. “Com relação aos custos de produção, considerando o transporte rodoviário pela BR -163 e hidroviário passando por Mirituba, que levam cargas até Santarém e Vila do Conde, por exemplo, com uma produção vinda do município de Sorriso, no Mato Grosso, o desembolso do produtor pode cair em 34%”, estima o diretor.

Ferreira ressalta que o setor acredita que estas obras “saiam do papel” pela ampla atuação da iniciativa privada.

Novo porto

Há cerca de 20 km de distância do atual porto de Ilhéus, terão início a partir do ano que vem as obras de um novo complexo portuário pensando na expansão de escoamento de grãos pela costa baiana. A declaração é do secretário de Agricultura e Pesca do município, Sebastião Vivas.

“Já estamos com as obras atrasadas, tivemos problemas com o licenciamento ambiental, que saiu agora. A previsão é que as construções comecem em 2015 e durem entre três e quatro anos até a implantação”, afirma o secretário. Com a maior parcela do investimento vindo da iniciativa privada, o empreendimento está orçado em R$ 4 bilhões. O complexo ainda deve contar com um terminal público arcado pelo governo do estado.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), mostram que entre janeiro e setembro deste ano, o porto de Ilhéus embarcou cerca de 200 mil toneladas de soja em grão, enquanto o terminal de Salvador exportou dois milhões no mesmo período. Em 2013, os volumes eram de 100 mil toneladas e 1,8 milhões de toneladas, respectivamente.