18/04/2013 - 18:05
A produção de milho nos Estados Unidos está crescendo ano a ano. Nos últimos dez anos, foram 7,1 milhões de hectares a mais, produzindo na safra do ano passado 274 milhões de toneladas. Já a soja cresce em ritmo bem mais lento, com um aumento de área de 1,1 milhão de hectare entre os anos 2000 e 2012. ³A produção de milho cresceu exponencialmente porque aumentou bastante a demanda por etanol no país², explicou o vice-presidente da Associação de Soja de Illinois, Bill Raben, em Sapezal. Ele participa do 8º Circuito Aprosoja, que nesta semana visita a região Oeste de Mato Grosso. Segundo Raben, nos Estados Unidos, 35% da área é destinada para a produção de milho, 29% para a soja e 21% para o trigo.
Em sua apresentação, o produtor norte-americano explicou que a produtividade da soja está em ritmo mais lento porque as pesquisas não estão focadas na oleaginosa. ³Como preferimos plantar milho, e esta é a nossa cultura mais importante, as pesquisas estão concentradas neste setor², disse. Na soja, por ano, a produtividade aumenta cerca de 10 quilos por ano por saca. A pesquisa sempre foi um ponto forte para os produtores dos Estados Unidos se destacarem mundialmente. Porém, com a crise econômica norte-americana que vem se estendendo pelos últimos anos, os investimentos neste setor são mais raros. ³A associação de produtores do nosso estado está investindo nas universidades para que elas pesquisem temas que sejam de nosso interesse e, assim, continuemos competitivos², contou Bill Raben. Exemplo disso é que os produtores norte-americanos são os pioneiros em utilização de biotecnologia de ponta. ³Temos um grande número de empresas privadas de sementes e de biotecnologia que garantem preço. Além disso, existe a proteção nacional da propriedade intelectual, o que nos leva a ter acesso primeiro às novas tecnologias², explicou.
Raben apresentou como vantagens do mercado norte-americano a boa infraestrutura de transportes, como rodovias, ferrovias e balsas, ressaltando que os produtores cobram do governo a revitalização deste sistema de balsas, que já é quase centenário. Há ainda uma forte indústria de processamento de soja, além do setor doméstico de gado e aves, consumidores de rações. ³As associações de produtores veem que o nosso grande consumidor é o setor de rações. Por isso, trabalhamos em conjunto para resolver também os problemas deste setor², contou o produtor rural.
As legislações trabalhista e ambiental também são preocupantes para os produtores norte-americanos. Em sua maioria, as propriedades rurais dos Estados Unidos são familiares. Bill Raben, por exemplo, produz milho e soja em uma fazenda de 2.500 hectares junto com irmão e suas famílias e eles têm somente um funcionário. Pais, filhos, noras e genros trabalham na propriedade, mas a legislação quer barrar isto. ³O governo não quer que as crianças, nossos filhos e netos, ajudem mais na lida da fazenda², contou. E a agência de regulamentação ambiental, similar ao Ibama, também está estudando meios de diminuir a poeira que sai das colheitadeiras. ³Isso nos preocupa², disse Raben.
As terras agricultáveis no país também estão cada vez mais escassas. ³Não temos mais área para expansão. Por isso, as terras são cada vez mais caras, chegando a US$ 30 mil por hectare para compra e US$ 1.250 por hectare para arrendamento², disse o vice-presidente da ISA. O pagamento de altos valores em royalties também é considerado uma desvantagem por ele.
Soja – Os novos eventos de biotecnologia prometem aumentar o potencial de rendimento da soja no futuro nos Estados Unidos e, assim, permitir que a >soja seja mais competitiva. Segundo Bill Raben, os gricultores estão prestando mais atenção à gestão da soja, o que poderá significar um crescimento mais rápido na produtividade. ³A demanda por alimentos e biocombustíveis sustentáveis na Europa e em outros lugares podem beneficiar os Estados Unidos por causa das normas ambientais rígidas², explicou.
O delegado da Aprosoja em Sapezal, Diego Dal¹Maso, ficou satisfeito com o resultado do Circuito Aprosoja no município. ³Achei o painel muito interessante, pois podemos perceber que a agricultura é parecida em todos os lugares do mundo. E assim também tomamos um Œchoque de realidade¹, porque às vezes achamos que muitas coisas estão piores aqui e nem sempre é a verdade², finalizou.
O Circuito Aprosoja é uma realização da Aprosoja e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), com o patrocínio da Bayer, Syngenta e Basf.