01/03/2021 - 14:36
São Paulo, 1 – A área irrigada no Brasil chega atualmente a 8,2 milhões de hectares, dos quais 64,5% (5,3 milhões de hectares) com água de mananciais e 35,5% (2,9 milhões de hectares) fertirrigados com água de reúso. Os dados são do Atlas Irrigação, lançado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O levantamento aponta que a área irrigada no País deve aumentar em mais 4,2 milhões de hectares até 2040 e atingir 12,4 milhões de hectares, 51% acima da área atual.
Apesar do grande potencial de expansão da irrigação no País, o Atlas indica que há um limite: até 22% da área agropecuária atual do Brasil poderia ser irrigada, o que corresponde a cerca de 55 milhões de hectares. “Por causa de limitações na oferta de água, incluindo a presença de outros usos já instalados, não é possível irrigar mais áreas com segurança hídrica e produtiva. Por isso, o planejamento e a gestão setorial de recursos hídricos são fundamentais para que o crescimento da irrigação seja realizado de forma sustentável”, pondera a agência, em nota. Da área irrigada atual, 96,2% são ocupados pelo setor privado e 3,8% por projetos públicos.
O mapeamento considerou tipos de cultura cultivadas em áreas irrigadas e métodos de irrigação: arroz; cana-de-açúcar; café; culturas anuais em pivôs centrais e demais culturas e sistemas. Pelas estimativas do Atlas, o consumo de água pela agricultura irrigada foi superior a 941 mil litros por segundo em 2019, o correspondente a 29,7 trilhões de litros ao ano.
O Atlas Irrigação traz ainda detalhes dos 28 Polos Nacionais de Agricultura Irrigada, que concentram 50% da área irrigada e 60% da demanda hídrica atual para o setor. Os polos são áreas especiais de gestão dos recursos hídricos para a agricultura irrigada, explica a ANA, espalhados pelas cinco regiões do País e divididos em três grandes grupos: arroz irrigado, pivôs centrais e outras tipologias.
A ANA chama a atenção para o fato de entre 2012 e 2019 a agricultura irrigada ter sido intensificada, com maior aporte de crédito e investimentos privados. A atividade cresceu em torno de 4% ao ano no período, quando foram incorporados cerca de 216 mil hectares irrigados ao ano. Além disso, em 2019 o valor da produção irrigada superou R$ 55 bilhões.
“A produção irrigada tem uma produtividade de duas a três vezes maior do que áreas de sequeiro (não irrigadas). Outras vantagens são redução de custos unitários, atenuação dos impactos da variabilidade climática, otimização de insumos e equipamentos, aumento na oferta e na regularidade de alimentos, assim como a modernização dos sistemas de produção”, enfatiza a ANA no comunicado. “Alimentos típicos da dieta nacional como arroz, feijão, legumes, frutas e verduras são produzidos em grande medida por meio da irrigação. No caso do arroz e da horticultura, mais de 90% da produção usa o método.”
Os dados do Atlas Irrigação serão incorporados ao Plano Nacional de Recursos Hídricos 2022-2040, que está em elaboração e norteia a Política Nacional de Recursos Hídricos. Contribuíram para a elaboração do documento o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agrosatélite Geotecnologia Aplicada, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).