23/11/2017 - 13:50
Embora o agronegócio não seja uma ilha e conviva com grandes variações de desempenho em suas diversas cadeias produtivas, é graças à produção de grãos, fibras, carnes, frutas, café, celulose e biocombustíveis que o Brasil se mantém em marcha. O País, é verdade, tem atravessado um caminho de incertezas tanto na economia como na política. Mas, aos poucos, a economia tem se descolado de Brasília e dado os sinais de retomada. Em 2017, tudo indica que voltaremos a ter um Produto Interno Bruto (PIB) em crescimento, mesmo que seja tímido. De acordo com o Banco Central, deveremos ter um salto de 0,7% no ano. Para um País que vinha de três anos seguidos de recessão, é uma vitória. E boa parte dessa conquista vai para a conta do setor exportador de produtos do campo, com projeção de superávit da balança comercial de US$ 64,7 bilhões. O valor é 35,9% superior a 2016, período com receita de US$ 47,6 bilhões, a maior já registrada desde 1980. É essa história que pode ser contada pelo homem do campo.
O fato é que nunca houve na história brasileira tantos motivos para otimismo com o futuro do agronegócio. Os fundamentos do setor apontam para um Brasil que verá o comércio global quadruplicar nos próximos 40 anos, com uma demanda por alimentos 60% maior para as principais commodities.
É nesse cenário que homens e mulheres do campo estão trabalhando e têm a convicção de que o tempo não será em vão. A DINHEIRO RURAL, para comemorar o início do ano 14 de sua criação, mais uma vez homenageia um grupo de líderes do setor, destacando-os entre AS 100 PERSONALIDADES MAIS INFLUENTES DO AGRONEGÓCIO. São lideranças conhecidas nacionalmente, ou em alguma região produtiva. São reconhecidas pelo trabalho que realizam para fazer do campo uma oportunidade de negócio, no mesmo espírito que a Editora Três se pautou para colocar no mercado a primeira edição da revista DINHEIRO RURAL, em novembro de 2004, com a missão de praticar um jornalismo que tratasse o agronegócio pelo ângulo corporativo, uma novidade para a época. Com a edição que está em suas mãos, a revista reverencia setores fundamentais do agronegócio: produtores rurais e seus colaboradores, em áreas como pesquisa, inovação, governo, producão de insumos, instituições, cooperativas, bancos, consultorias, além das iniciativas sustentáveis que vêm transformando o Brasil na potência global para alimentar o mundo. Boa leitura!
Agricultura
O Brasil tem batido recordes consecutivos na produção de grãos, fibras, madeiras e frutas, enquanto organiza muitas outras cadeias do agronegócio
Arlindo Moura
Há cinco anos, o administrador gaúcho Arlindo Moura comanda a Terra Santa Agropecuária (antiga Vanguarda Agro), um dos maiores grupos de cultivo de soja, milho e algodão do País. Mas, a sua atual liderança vai além das propriedades do grupo que cultiva 160 mil hectares em fazendas no Estado de Mato Grosso. Neste ano, o seu trabalho de décadas no agronegócio, que inclui uma longa passagem pela SLC Agrícola, o levou à presidência da mais importante entidade do setor de fibras, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.
Gilberto Goellner
O mercado sementeiro no País só é uma das atividades mais estruturadas do agronegócio por causa de produtores como o agrônomo Gilberto Goellner, 70 anos, presidente da Girassol Agrícola. Os 35 anos de cultivo na Serra da Petrovina, no município de Pedra Preta (MT), levaram o agricultor a ser uma referência na produção. A colheita da Girassol é de 1,1 milhão de sacas de sementes de soja e 800 mil de sementes de algodão. Como presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso, Goellner encabeça o plano de certificar com um selo o produto mato-grossense.
Luiz Roberto Barcelos
O advogado Luiz Roberto Barcelos, 52 anos, tomou uma decisão que mudou a sua vida. Ele abandonou o ofício para se dedicar ao agronegócio e resgatou um gosto herdado de sua bisavó e da avó materna: o cultivo da terra. Mas ele foi além da conta. Em 1995, fundou a Agrícola Famosa e transformou a marca na maior produtora e exportadora de frutas in natura do Brasil, dedicada ao cultivo de melão e de melancia. Na safra passada, ele produziu 152 mil toneladas de frutas. Neste ano, Barcelos conquistou mais um espaço no mercado global de frutas. A Famosa iniciou exportações para a Ásia e a América do Norte.
Marcelo Castelli
Presidente da Fibria desde 2011, o ex-jogador de basquete e engenheiro Marcelo Castelli, 53 anos, tem batido um bolão à frente da empresa. A missão de colocar em operação uma segunda unidade na qual foram investidos R$ 7,5 bilhões para processar 1,9 milhão de toneladas de celulose de eucalipto, em Três Lagoas (MS), foi cumprida antes do previsto. Castelli comanda, hoje, a líder mundial na produção de celulose a partir de florestas plantadas com alta tecnologia e exporta para todo o mundo. No ano passado, a empresa vendeu 5,5 milhões de toneladas, 8% superior a 2015. A receita foi de R$ 9,6 bilhões.
Marcello Brito
A brasileira Agropalma, que pertence ao banqueiro Aloysio Faria, é uma referência mundial na produção de óleo de palma, através de certificações e práticas sustentáveis. São 50 mil hectares cultivados no Pará. A produção é de 2,2 milhões de toneladas anuais de óleo para atender o mercado interno e as exportações, que devem garantir uma receita estimada em R$ 1 bilhão em 2017. Parte do sucesso da empresa deve-se ao CEO Marcello Brito, que enfrentou o desafio de transformar o negócio da companhia em um projeto sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental. No ano passado, ele colocou em operação a indústria Parapalma, para extração de óleo bruto, e o novo projeto da empresa, a Xhara, em Limeira (SP), uma fábrica de óleos e gorduras.
Marco Lessa
O produtor de cacau Marcos Lessa é sócio da marca Chor de chocolates finos e criador do Chocolat Bahia, o Festival Internacional do Chocolate e Cacau, realizado em Ilhéus. O evento que acontece há nove anos conta com o apoio do Fundo de Cultura da Bahia, mas a costura para ele ganhar projeção coube a Lessa. Neste ano, o festival recebeu 60 mil pessoas. Entre elas, empresários de várias partes do País e do exterior. A missão de Lessa e do grupo à sua volta é mostrar que o País tem cacau de qualidade para competir com marcas europeias e americanas de produtos finos.
Pedro Lima
Aos 52 anos, Pedro Lima é uma das lideranças mais identificadas com a cultura do café no Brasil. Herdeiro do grupo Três Corações, uma tradicional marca do mercado, e também seu presidente, ele tem trabalhado para mostrar que a bebida brasileira pode alcançar o mesmo nível de cafés famosos no mundo, entre eles o colombiano. Um dos caminhos escolhidos por ele é investir no mercado de cápsulas. Nos últimos anos, Lima e seus parceiros no negóco investiram R$ 50 milhões em uma fábrica para produzir 10 milhões de unidades por mês. Neste ano, o investimento foi na marca Cirol: R$ 22,2 milhões, entre compra e reposicionamento.
Raúl Padilla
O presidente da Bunge Brasil, o argentino Raúl Padilha, 61 anos, tem bons motivos para comemorar em 2017. A Bunge, uma das maiores empresas de alimentos e bioenergia do País, recebeu de sua matriz, nos Estados Unidos, sinal verde para investir e mostrar que a sua confiança no setor é perene. Neste ano, de olho na expansão do negócio de originação de grãos, Padilla negociou a compra de parte da mato-grossense Agrícola Alvorada. E para fortalecer sua posição no Nordeste, o executivo implantou um centro de treinamento em Recife. Neste primeiro ano, a empresa deve capacitar quatro mil profissionais em panificação, confeitaria e food service.
Takehiko Shimada
No comando da Agrícola Xingu, que pertence à japonesa Mitsui & Company, empresa que faturou no mundo US$ 39,7 bilhões no ano passado, o executivo Takehiko Shimada, 57 anos, está transformado o negócio em um dos mais eficientes do País na produção de algodão. São 48 mil hectares nos Estados de Mato Grosso, Bahia e Minas Gerais. Mas a Xingu quer chegar a 100 mil hectares nos próximos cinco anos. Shimada tem levado sua experência a produtores que também querem apostar no algodão, commodity com grande potencial para elevar a renda das propriedades.
Walter Horita
A região Oeste da Bahia faz do Estado o segundo maior produtor de algodão do País, atrás apenas de Mato Grosso. Desde 1999, é nesta região que o grupo Horita cultiva a fibra. Hoje, ela responde por 60% da receita da companhia. Sob o seu comando, o grupo se tornou referência no uso de tecnologias para o algodão, embora ele também plante soja e milho em grandes áreas. Nas suas quatro propriedades, consideras quase como centros de pesquisas, foram cultivados 35 mil hectares da fibra. Não por acaso, Horita também já foi presidente da Associação Nacional dos Produtores de Algodão.
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