Entre os dias 29 de setembro e 6 de outubro, aconteceu em Franca, a 400 quilômetros de São Paulo, a 34ª Exposição Nacional de Mangalarga. O evento fez parte da exposição agropecuária do município e reuniu cerca de 100 criadores. Além de levarem à exposição animais para a escolha dos melhores da raça, provas equestres e leilões, os criadores participaram da abertura de um braço da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM), o Núcleo Feminino de Mangalarga. “O grupo vai fazer diferença porque já nasce forte, com mulheres de peso no comando”, diz Mário Barbosa, presidente da associação, que tem sede em São Paulo.

Beatriz Biagi Becker, fazendeira de Ribeirão Preto (SP), foi a escolhida para comandar o núcleo. Dona da Beabisa Agropecuária, além de se dedicar aos cavalos mangalarga, ela é criadora de gado nelore e sócia em usinas de cana-de-açúcar. “Com o núcleo, vamos ser ouvidas e teremos mais voz política dentro da associação”, diz Beatriz. Atualmente, a ABCCRM conta com dois mil associados, dos quais apenas 100 são mulheres. O número de animais registrados no País é estimado em 70 mil. “As mulheres podem ajudar a formar novas lideranças”, diz Beatriz.

 

A ideia de criar um núcleo de mulheres não é nova na associação, mas até agora não havia quem a levasse à frente. Na verdade, até algumas décadas atrás, montar a cavalo era um atributo exclusivamente masculino. Foi a prática do hipismo, da qual a mangalarga é uma das raças apropriadas às provas, que mudou esse cenário. Nos esportes equestres, mulheres e homens competem em condições de igualdade.

 

Como diretoras do núcleo estão outras criadoras, entre elas Josiane Vidotti, do haras Araxá, de Severínia (SP). Josiane tem um dos mais premiados criatórios de mangalarga, com muitos de seus cavalos avaliados em mais de R$ 200 mil. No País, o preço de um cavalo comum é de cerca de R$ 2 mil. Segundo Josiane, oficinasde monta e manejo devem intensificar a presença das mulheres, que ainda são minoria nas competições. No evento de Franca, havia apenas oito amazonas competindo. “Poderia ser mais”, diz. Para Heloisa de Freitas, da fazenda daOnça, em  Guaranésia (MG), o núcleo vai atrair mais mulheres para a raça. “Agora, temos um espaço para discutir o que é melhor para a raça e para nós.”