O Banco Central (BC) considerou, na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que os dados de atividade no Brasil seguem indicando um ritmo de crescimento mais moderado recentemente e que os números do mercado de trabalho sugerem “perda de dinamismo”. O Copom manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez consecutiva.

“O conjunto de dados divulgados, incluindo a queda dos indicadores de confiança e a desaceleração observada nas concessões de crédito, junto com os efeitos defasados da política monetária, reforçam a expectativa do Comitê de desaceleração do ritmo da atividade econômica, que deve se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC, na ata.

Segundo o documento, alguns membros do comitê observaram que há um movimento de recomposição parcial de perdas recentes nos salários reais, mas houve a ponderação de que esse movimento é esperado e vem acompanhado de desaceleração nos ganhos nominais que deve se acentuar à frente.

“O Comitê seguirá acompanhando as divulgações do mercado de trabalho, avaliando continuamente qual o papel da inflação defasada e das pressões no mercado de trabalho sobre os reajustes salariais”, afirmou.

Restrições na China

O Banco Central destacou, na ata do Copom, que a dinâmica dos preços de serviços continua “inspirando atenção” e que o colegiado segue avaliando em que velocidade ocorrerá o processo de convergência.

A avaliação faz parte da análise do Copom sobre o comportamento das principais determinantes da inflação no período recente em meio aos esforços para analisar se a estratégia de manutenção da Selic, que vinha sendo traçada desde o encontro de setembro seria suficiente para convergência da inflação para as metas.

Em relação à inflação de serviços, o BC explicou que o foco nesse parâmetro deve-se ao fato de que esse grupo de preços responde à inércia inflacionária e à atividade econômica de forma mais direta. “A inflação de serviços tem apresentado moderação, mas segue em nível incompatível com a meta”, disse o BC.

O colegiado ainda destacou que se espera “que ambos os fatores provoquem menor pressão inflacionária ao longo do horizonte”. “De todo modo, tal dimensão continua inspirando atenção e o Comitê segue avaliando a velocidade com que se dará o processo de convergência”, completou.

Outro fator determinante para a trajetória de inflação avaliado pelo BC foi o hiato do produto. O Copom considerou que, conforme sua previsão diante das defasagens da política monetária, “houve uma desaceleração da atividade, do crédito e, mais recentemente, do mercado de trabalho”. O comitê notou também que não houve mudança significativa nas perspectivas de crescimento recentemente.

“Alguns membros ressaltaram que a desaceleração deve prosseguir e é necessária para que os canais de política monetária atuem e ocorra a convergência da inflação para suas metas”, ressaltou o BC, denotando o caráter restritivo da Selic para o crescimento econômico, seu objetivo diante da inflação elevada e fora da meta.