O azeite virou artigo de luxo nos lares brasileiros. Somente no acumulado dos 12 últimos meses, de acordo com o IBGE, o preço do produto subiu 17%. Com isso, muitos produtos derivados do azeite extra virgem passaram a aparecer com preços mais atrativos nas prateleiras.

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Azeite extra virgem, virgem, tipo único e óleos compostos são apenas algumas das opções mais em conta que podem ser encontradas por aí. Comercializadas em embalagens idênticas aos dos produtos de melhor qualidade, o consumidor precisa se atentar ao rótulo e aos ingredientes do produto para não ser enganado.

Apesar de serem de qualidades distintas, Rafael Marchetti, diretor da Prosperato, afirma que não há restrições do uso de qualquer um dos produtos em se tratando de saúde.

“Não existem limitações no uso de azeites para cozinhar ou finalização de pratos, sendo, principalmente, uma questão de preferência pessoal. Se a pessoa pode investir na saúde, ela deve fritar, cozinhar, usar azeite extravirgem para tudo. Mesmo o azeite de oliva refinado ou misturado com extra virgem ainda é infinitamente superior a qualquer óleo de grão”, explicou.

Cabe lembrar que de acordo com a Instrução Normativa (IN) n.º 01/2012 do Ministério da Agricultura, é obrigatório que o tipo de azeite esteja visível no rótulo para o consumidor. Caso haja mistura com outro óleo vegetal, é obrigatório usar a expressão “óleo composto”.

À Dinheiro Rural, Marchetti explicou quais as diferenças no processo de fabricação de cada um dos produtos. 

Extra Virgem e Virgem

Para entrar na categoria Extra Virgem e Virgem, Marchetti explica que o azeite não pode passar por nenhum processo químico, e que a extração do óleo da azeitona obrigatoriamente precisa ser feito apenas por processos mecânicos. 

“A diferença entre eles é que o azeite virgem tem alguns defeitos sensoriais pequenos como um sabor rançoso”, explicou. 

Esse azeite é o que tem as melhores azeitonas e, geralmente, é usado de forma crua em saladas ou pizzas. Em pesquisa na internet, é possível encontrar opções extra virgens ou virgens a partir de R$ 37 por 500 ml. 

Azeite refinado ou Tipo Único

Podendo ser visto nas prateleiras como “Tipo Único”, esse azeite custa menos porque é produzido por meio do azeite lampante, que é extraído a partir de azeitonas que caem no chão durante a colheita, de pior qualidade. Por se tratar de um produto impróprio para consumo, ele precisa passar por um processo químico de refino, o que deixa o azeite sem cor e gosto. Para ter um perfil de sabor característico, os produtores misturam azeites extra virgens ou virgens com o azeite refinado. Ele também pode ser encontrado como azeite de oliva ou azeite tipo único nos supermercados. 

Em uma pesquisa na internet, é possível encontrar opções de azeites Tipo Único a partir de R$ 37 a garrafa de 500 ml.

Óleo de bagaço de azeitona

Um produto que começou a chegar recentemente ao Brasil é o chamado óleo de bagaço de azeitona. Com a vantagem de ainda ser 100% azeite, o produto é obtido a partir do bagaço de azeitonas que são espremidas para obter o azeite extra virgem, em uma espécie de segunda extração. 

De acordo com a legislação, é preciso estar claro no rótulo que se trata de um produto feito do bagaço de azeitona. É possível encontrar o produto por R$ 19,90 a garrafa de 500 ml.

Óleo composto 

Opção mais barata, ela se trata de uma mistura de óleo vegetal com azeite. A mistura pode variar e em alguns casos só há 30% de azeite e os outros 70% são de óleos muito mais baratos, como o de soja, e também precisa estar em destaque no rótulo do produto. O produto pode ser encontrado a partir de R$ 11. 

Confira a tabela com as diferenças

CaracterísticaAzeite Extra VirgemAzeite VirgemAzeite RefinadoÓleo de Bagaço de AzeitonaÓleo Composto
Processo de ExtraçãoExtraído apenas por processos mecânicos (trituração, centrifugação)Extraído por processos mecânicos, mas pode ter defeitosObtido a partir do azeite lampante (de qualidade inferior) submetido a processos de refino (desodorização, descoloração)Extraído do bagaço da azeitona (resíduo da primeira prensagem) através de processos químicosMistura de óleo vegetal (ex: soja, milho, chia) com azeite de oliva (virgem ou extra virgem)
QualidadeMaior qualidade; não apresenta defeitos sensoriais (ranço, avinagrado, borra)Qualidade inferior ao extra virgem, com possíveis defeitos sensoriaisGordura neutra (incolor, sem gosto, sem cheiro) após o refinoConsiderado 100% azeite de oliva, mas de qualidade inferior devido ao processo de extraçãoQualidade variável dependendo dos óleos utilizados na mistura
Uso CulinárioPode ser usado para qualquer método de cocção (fritura, finalização de pratos). Ideal para substituir outras fontes de gordura na dieta, visando benefícios à saúdePode ser usado para cozinhar, mas com menor valor sensorialUsado pela indústria misturado ao azeite virgem/extra virgem para dar cor e aromaOpção mais acessível, mas com perfil nutricional diferente dos azeites extra virgem e virgemDepende da composição; pode ser usado para diversos fins, mas deve-se verificar a qualidade dos óleos misturados
RotulagemDeve indicar “Azeite Extra Virgem”. A indicação da safra e da variedade da azeitona são informações que valorizam a rastreabilidade do produto. Análise química não é obrigatória no rótulo e alguns produtores estão retirando essa informaçãoDeve indicar “Azeite Virgem”Comercializado como “Azeite de Oliva” ou “Azeite Tipo Único, com a lista de ingredientes indicando “azeite de oliva refinado” e “azeite de oliva virgem”Deve ser rotulado de forma clara, indicando que é óleo de bagaço de azeitonaDeve ser nomeado como “Óleo Composto”, especificando os óleos utilizados na composição (ex: azeite de oliva com óleo de soja) e a porcentagem de cada um.
Outras InformaçõesA análise sensorial é fundamental para determinar a qualidade. A fiscalização tem contribuído para a melhoria da qualidade dos azeites extra virgem no mercadoUm defeito sensorial grave pode classificá-lo como azeite lampanteÉ o resultado do refino
do azeite lampante para torná-lo adequado ao consumo
Apresenta-se como alternativa para evitar a venda de azeites de qualidade inferior como extra virgemA ilustração no rótulo pode levar o consumidor a acreditar que está comprando azeite de oliva puro, quando na verdade é uma mistura