03/06/2022 - 9:00
Luís Eduardo Magalhães (BA), 3 – A AGCO Finance, banco da fabricante de máquinas agrícolas AGCO, prevê desembolsar R$ 2 bilhões este ano no Brasil para o financiamento de suas marcas próprias – Fendt, Valtra e Massey Ferguson. No ano passado, o banco registrou financiamentos de R$ 1,5 bilhão.
Do montante previsto para o ano, 60% tende a ser de recursos próprios e 40% deve ser acessado por meio das linhas de Pronaf e Morderfrota do Plano Safra, oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Como a maior parcela é de recursos próprios, existe capacidade para ofertar volume ainda maior caso a demanda exija”, disse o gerente Comercial da AGCO Finance no País, Renan Borges, durante a 16ª edição da Bahia Farm Show, uma das três maiores feiras do agronegócio do País.
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A carteira de crédito do banco em volume de recursos desembolsados é concentrada especialmente em Mato Grosso. “Mato Grosso mostra maior demanda por tratores de maior valor agregado, mas vemos crescimento exponencial na Bahia, em Goiás, no Matopiba como todo”, pontuou Borges. Os financiamentos contemplam pequenos (atendidos pela Valtra) e grandes produtores (atendidos pela Valtra e Fendt), conforme Borges. “Hoje, somos líder em número de operações com Moderfrota dentro do BNDES”, disse. As três principais culturas que demandam recursos do banco da AGCO para aquisição de suas máquinas e equipamentos são soja, milho e algodão, segundo Borges.
A maior demanda pelos recursos do banco vem, principalmente, do esgotamento das linhas subsidiadas do Plano Safra em meio ao apetite contínuo do agricultor por novas tecnologias, segundo Borges. “O produtor entende que não pode ficar refém de uma linha. Estamos desde setembro de 2021 sem verbas do Moderfrota e desde janeiro sem o Pronaf. Por mais capitalizado que o produtor esteja, já que hoje ele poderia adquirir o equipamento à vista, ele ainda opta por financiamento”, argumentou.
Esse crescimento do financiamento por meio de recursos próprios avançou nos últimos três anos, com o esgotamento das linhas subsidiadas pelo Plano Safra e com a demanda do produtor. “Hoje, o ano-safra tem virado três meses. Começamos este movimento de buscar alternativas em 2019, quando 98% da nossa carteira, de R$ 800 milhões, era feita via BNDES”, destacou.
Um dos fatores do incremento de quase 50% em volume desde 2019 é a oferta de instrumento de crédito em moeda estrangeira, como dólar e euro. Segundo Borges, o mecanismo, que representa metade do volume desembolsado com recursos próprios pelo banco, atraiu maior número de agricultores, especialmente para compra de máquinas de alta potência. “Ela tem uma participação importante no mercado porque grandes produtores do Cerrado travam custos para soja, milho e algodão em dólar, tem a receita atrelada em dólar. São linhas com juros menores em moeda corrente já usada na fazenda”, afirmou o executivo.
Borges observou que, apesar de o crédito oficial ter menor custo ao produtor, a escassez de recursos disponíveis faz com os agricultores busquem linhas alternativas com juros maiores, como as ofertados pelos bancos de fábricas. Hoje, a taxa média do banco pré-fixada gira em torno de 15% ao ano e a pós-fixada (DI) de aproximadamente 0,40% mais DI ao mês, variando conforme as condições prazos e pagamento. Já a taxa média do Moderfrota, principal linha de financiamento para a aquisição de tratores, colheitadeiras, subsidiada pelo Plano Safra é de 8,5% ao ano. “Acreditamos que o Plano Safra deve vir com poucos recursos e com aumento de juros, o que torna as taxas fora das linhas contratadas pelo BNDES mais competitivas”, comentou. O executivo prevê que os patamares médios de taxas de juros cobradas hoje pelo banco devem se manter neste ano e tendem a cair em 2023, já que acompanham o comportamento da Selic Selic (hoje em 12,75%).
*A jornalista viaja a convite da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).