28/06/2016 - 23:40
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (28) que alcançar o centro da meta de inflação, em 4,5%, em 2017 é uma expectativa ambiciosa e crível. Para Goldfajn, atingir esse objetivo é algo ambicioso porque a inflação em 2015 foi “mais que o dobro da meta”. “O ano de 2015 foi de choque, inflação muito elevada, em parte devido à depreciação forte [do real], a inflação de [preços] administrados muito forte. Desde então, o objetivo do regime de metas tem sido fazer a convergência de volta para o centro da meta”, disse, ao divulgar o Relatório de Inflação.
De acordo com a projeção do relatório, a inflação em 2017 ficará próxima do centro da meta, em 4,7%. Goldfajn disse que a mudança na estimativa do BC, de alcançar o centro da meta de 4,5%, como indicava a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 16, para 4,7% é “marginal”.
“Basicamente a mudança ocorre porque houve uma revisão na projeção de 2016. Em 2016 estamos com os administrados um pouco mais altos. E estamos com uma preocupação um pouco maior com preços agrícolas, que vieram do atacado. Isso faz com que a projeção para 2016 suba e subindo a projeção para 2016 faz com que 2017 tenha uma elevação marginal”, afirmou.
O presidente do BC afirmou, ainda, que não há necessidade de se ter uma meta de inflação ajustada.
Ajuste fiscal Questionado se o BC “voltaria a ficar sozinho” no combate à inflação, sem a ajuda do governo com ajuste fiscal, Goldfajn i nformou que a equipe econômica está trabalhando com coerência para recuperar a confiança, sair da recessão e fazer com que a inflação cai mais rapidamente.
No Relatório de Inflação, o BC disse que a continuidade do avanço no combate à inflação depende de ajustes na economia, principalmente nas contas públicas. O banco também citou outros fatores que conribuiram com o combate à inflação: o processo de realinhamento dos preços externos em relação aos internos e livres em relação aos administrados, o efeito dos fenômenos climáticos sobre a produção mundial de alimentos, principalmente de grãos, e a influência sobre os preços domésticos; e as incertezas sobre a economia mundial.
Taxa de juros O presidente do BC também afirmou que há consenso de que é preciso criar condições para que haja redução da taxa básica de juros, a Selic. “Todos esperamos que as condições se apresentem para flexibilização das condições monetária.” Ele enfatizou que a redução da Selic tem de ser feita de forma responsável, o que também considera que é consenso.
Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida. Isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.
O BC tem de encontrar equilíbrio ao tomar decisões sobre a taxa básica de juros, de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Câmbio Goldfjan acrescentou que o BC poderá utilizar todas as ferramentas cambiais que dispõe, mas sempre com parcimônia e sem ferir o regime de câmbio flutuante (cotação definida no mercado).
“Temos dois objetivos: manter o regime de câmbio flutuando e, ao mesmo tempo, encontrar uma janela de oportunidade para continuar reduzindo o estoque de swap [operação de câmbio no mercado futuro], quando e se for possível”, concluiu. Fonte: Kelly Oliveira/Agência Brasil