01/09/2009 - 0:00
Desde que assumiu a vice-presidência de agronegócios do Banco do Brasil, em julho de 2007, o ex-ministro da Agricultura Luis Carlos Guedes Pinto tem se ocupado de fazer com que a instituição abra seus cofres ao campo brasileiro. Afinal, hoje o banco detém uma linha de crédito de R$ 30,8 bilhões, sendo responsável por 62,7% dos recursos que estão à disposição da agricultura. Além disso, é o principal parceiro do governo de São Paulo na criação de um pioneiro modelo de seguro rural vinculado ao crédito de custeio, abalizando todas as operações da modalidade e alocando recursos na ordem de R$ 149 milhões. Agora a nova aposta de Guedes é a criação de um inédito fundo de investimentos agrícola de até R$ 1,2 bilhão, que pode oferecer a oportunidade de investimento em empresas abertas ou fechadas do setor rural.
Criado em parceria com a BRZ Investimentos, do grupo GP Investimentos, que será o gestor do modelo, o Fundo de Investimento em Participações – FIP Brasil Agronegócios já dispõe de R$ 800 milhões para adquirir participação acionária em empresas, projetos e ativos relacionados a toda a cadeia agropecuária. “O objetivo é investir em empresas de toda a cadeia, desde processadoras até produtoras, oferecendo rendimento médio de 20% acima do CDI”, explica Guedes. Os investimentos devem ter prazo de até oito anos.
Carlos guedes: vice-presidente de agronegócios do BB cria fundo de R$ 1,2 bilhão para adquirir participações em empresas rurais
A criação do fundo era um plano antigo do banco, que teve que ser adiado por conta da crise financeira. Mas agora, com o setor em plena recuperação, a expectativa é de que os rendimentos sejam garantidos. “O Brasil se posiciona muito bem no mercado mundial. A demanda por alimentos irá continuar crescendo e o País está pronto para atender a esse mercado”, afirma. Segundo o executivo, a carteira do fundo deve contar com cerca de 20 empresas, que foram selecionadas ao longo do último ano, em todas as regiões do País. Na mira do FIP estão setores de insumos, pecuária, processamento, distribuição e serviços, cadeia produtiva de produtos exportáveis, infraestrutura e estrutura produtiva em geral. “Procuramos ter uma carteira diversificada”, revela Guedes, que acredita que até o fim de outubro o FIP esteja operando. “Já temos investidores para iniciar. São fundos de pensão de grandes empresas. O capital estrangeiro está limitado a 20% de participação”, pondera.
Para Guedes, além de ser um modelo atrativo para investidores, o FIP pode ser uma boa oportunidade para a própria cadeia agrícola. “É uma chance para empresas que querem alavancar seu capital, mas não pretendem ou não estão preparadas para abrir o capital na bolsa”, diz. Além disso, uma das exigências para receber os recursos, é a participação dos investidores na gestão da companhia. “Será uma forma de profissionalizar e estruturar a gestão dessas empresas. Um processo que às vezes é complicado, principalmente em caso de companhias familiares.”
Um dos aspectos que têm animado os responsáveis pelo FIP é a procura de estrangeiros interessados em participar do fundo. “Muitos estrangeiros querem comprar terras no Brasil, mas acabam descobrindo que isso não é tão simples. Esse modelo de fundo acaba sendo uma forma atrativa e menos arriscada de investir na agricultura brasileira”, finaliza.