NOVAS MEDIDAS: a instituição amplia sua carteira de crédito que representa uma fatia de 61,2% do mercado

Durante a crise da década de 1990, os produtores rurais brasileiros amargaram a falta de renda e a quase inexistência de financiamento para suas lavouras. Quando mais precisavam de auxílio, as torneiras de recursos, sobretudos as oficiais, se fecharam. Hoje, quase 21 anos depois, justamente num momento de bonança do setor, puxado pelas supersafras e pela explosão das comodities agrícolas, os bancos e o governo abrem seus cofres, instalando um círculo virtuoso: os recursos abundantes de hoje são uma sinalização de o setor terá todas as condições de continuar alcançando novos recordes.

O governo saiu na frente ao anunciar, em julho, o Plano Agrícola e Pecuário, que contará com recursos de R$ 107,2 bilhões para financiar as lavouras, e a promessa de facilitar o crédito. Agora, chegou a vez dos bancos.

O Banco do Brasil anunciou a liberação de R$ 45,7 bilhões para financiar a safra agrícola 2011/2012, volume 17% superior aos R$ 39 bilhões liberados na safra anterior. Desse total, R$ 10,5 bilhões irão financiar a agricultura familiar e R$ 35,2 bilhões vão atender aos agricultores empresariais e aos filiados às cooperativas rurais. Os valores representam um incremento de 20% e de 16%, respectivamente. “A expectativa é de que os recursos do BB incentivem o incremento na safra, que promete ser 5% a mais em volume, em comparação à do ano passado”, diz o vice-presidente de Agronegócio e de Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias. Segundo ele, o País tem um papel muito importante a cumprir, o de ofertar cada vez mais alimentos para o mundo, de acordo com as expectativas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

17% a mais: Dias diz que a expectativa é de que os recursos incentivem o aumento de produção na safra 2011/2012

Na primeira quinzena daquele mês, os recursos já estavam disponíveis para os agricultores nas agências do banco, com taxas de juros que variam entre 1% a 6,75% ao ano. As taxas mais elevadas foram cobradas dos produtores empresariais e cooperativados, com 5,5% a 6,75%. Já para os agricultores familiares, as taxas foram reduzidas, entre 1% a 4,5%. “Buscamos uma redução acentuada da taxa de juros para a agricultura familiar”, afirma Dias.“Com isso, pretendemos passar dos atuais 1,2 milhão para 1,5 milhão de clientes.” Outra novidade anunciada pelo vicepresidente de agronegócio é uma modalidade de seguro agrícola para o faturamento.

Em conjunto com o grupo segurador BB Mapfre, a instituição pretende, além de garantir ao produtor a diferença de faturamento ocasionada por qualquer fator climático, o ressarcimento da redução de faturamento, causado pela variação de preço do produto no mercado. Nesse caso, o preço é travado em determinada data, na Bolsa de Mercadorias, e vai ser considerado para o cálculo do faturamento. Segundo Dias, o seguro contará com a isenção de IOF e subsídio federal, equivalente a 50% do valor do prêmio. “Nesta safra, o seguro faturamento abrangerá apenas a cultura da soja”, afirma Dias.

Além do dinheiro para o crédito rural, o Banco do Brasil anunciou um volume de recursos da ordem de R$ 850 milhões destinados a empréstimos à linha da Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que incentiva programas de recuperação de pastagens e criação de sistemas integrados entre lavoura, pecuária e floresta.

Ao anunciar os recursos de financiamento agrícola, o Banco do Brasil liberou o acesso de cerca de 40 mil produtores que estavam renegociando suas dívidas da safra passada com o banco estatal aos empréstimos rurais. “Vimos que não seria justo para o produtor ficar de fora, uma vez que ele não é inadimplente”, afirma. A barreira fora imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “Os pagamentos antecipados de boa parte dessas dívidas, levou o banco a liberar esse refinanciamento”, diz Dias.

A medida ajudará o banco a ampliar sua carteira de crédito rural, que representa uma fatia de 61,2% do mercado. O volume de empréstimos do banco para o agronegócio chegou a R$ 78,3 bilhões, no primeiro trimestre. De acordo com os dados do banco, desse total, 92,2% estavam classificados entre os níveis de risco “AA” e “C”, considerados os mais seguros pelo mercado financeiro.