O estoque do patrimônio financeiro bruto da economia brasileira alcançou R$ 72,6 trilhões em dezembro de 2022, ou sete vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do País, considerando ativos e passivos com não residentes. Os dados fazem parte do relatório Matriz do Patrimônio Financeiro, publicação trimestral do Banco Central que permite avaliar como evolui o patrimônio financeiro líquido de um país e de seus setores, refletindo decisões de investimentos e captação de recursos.

Pela ótica da economia nacional, os ativos financeiros brutos totalizaram R$ 63,6 trilhões em dezembro de 2022, dos quais 92% aplicados no País e 8% no exterior. Já os passivos alcançaram R$ 67,6 trilhões, 87% captados no País e 13% junto a não residentes.

A diferença mostra o endividamento líquido da economia nacional com o resto do mundo. Esse passivo financeiro líquido alcançou R$ 4 trilhões (40% do PIB) no fim de 2022, um aumento de 19% no ano.

Os ativos de não residentes somaram R$ 8,979 trilhões, montante que mostra tendência de crescimento ao longo dos trimestres – era de R$ 8,791 trilhões no fim de 2021. Os passivos de não-residentes somaram R$ 4,970 trilhões em dezembro de 2022, contra 5,428 trilhões no encerramento de 2021 e R$ 4,931 trilhões no terceiro trimestre de 2022.

“Vem crescendo trimestre a trimestre os ativos que são detidos por não residentes na economia brasileira. Há uma tendência de aumento de investimentos externos de não-residentes na economia brasileira”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, em coletiva de imprensa, ponderando que os valores podem ter influência da variação cambial.

Dentre os setores institucionais da economia brasileira, o BC destacou que, no fim de dezembro, os que são credores líquidos ampliaram seus ativos. O patrimônio financeiro líquido das famílias alcançou R$ 9,6 trilhões em dezembro de 2022, com aumento de 6% no ano. Houve destaque para o crescimento de 46% das aplicações em títulos emitidos pelo setor financeiro, principalmente os Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).