O coordenador da iniciativa do Real Digital no Banco Central, Fabio Araujo, informou nesta segunda-feira, 6, que o teste piloto do real Digital, a Moeda Digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) brasileira será iniciado em março. Essas experiências serão feitas por meio da tecnologia DLT (Distributed Ledger Tecnology) e com ativos financeiros.

O primeiro ativo a ser usado como teste do Real Digital será um título público federal.

Araújo explicou que serão simuladas transações de emissão, negociação, transferência e resgate durante esse período de experiência. “Tendo esses mecanismos prontos, a gente pode fazer a aplicação final da proposta, que é o contra pagamento de títulos públicos entre diferentes bancos”, disse.

O chefe do Departamento de Informática do Banco Central, Haroldo Jayme Cruz, explicou que a rede criada para fase de testes do Real Digital será permissionada a bancos e instituições de pagamento e que, portanto, não será pública. Neste primeiro momento, até por questões de economia e segurança, os testes terão limitação de participantes e de horários.

“A limitação em testes deve-se à redução de custos e simplificação. Por isso, a fase de testes é fundamental”, argumentou Cruz.

Ele disse que foi escolhida a plataforma distribuída de hyperledger besu para os testes por ser apropriada para dar suporte à privacidade das transações.

Seleção de participantes em maio

Fabio Araujo afirmou também que, a partir de maio, serão selecionados participantes do projeto piloto do Real Digital. “Cada participante terá que desenvolver sua parte do sistema do Real Digital”, afirmou.

A expectativa da autoridade monetária é concluir os testes com o real digital e o ativo tokenizado até o final deste ano.

Testes com títulos do Tesouro

O cronograma prevê que os testes com os títulos do Tesouro devem acabar em fevereiro do ano que vem. “Queremos atingir a maturidade do projeto do real Digital até o fim de 2024”, prospectou durante entrevista coletiva.

O Coordenador-Geral de Operações da Dívida Pública da Secretaria do Tesouro Nacional, Luis Felipe Vital Nunes Pereira, que também participou da entrevista coletiva à imprensa, salientou que a previsão é a de que a CBDC brasileira reduza os custos das operações com os títulos públicos.

Segundo ele, é “bastante satisfatório” que o primeiro teste do real digital seja feito com papéis emitidos pelo Tesouro.

O chefe-adjunto do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Marcus Antônio Sucupira, informou que o objetivo da autoridade monetária é realizar testes com a CBDC brasileira e títulos do Tesouro tanto no mercado primário quanto no secundário. De acordo com os porta-vozes do BC, a data de hoje é um marco do início de fase de testes da moeda digital.

Fabio Araujo salientou que a intenção, de acordo com o cronograma atual da autoridade monetária, é a de que a população tenha acesso à CBDC no final do ano que vem.

Os bancos, de acordo com ele, terão que ter liquidez geral suficiente para fazer operações de real tokenizado. As regras de liquidez serão detalhadas mais para a frente, de acordo com os técnicos. “A diretriz é não ter assimetria regulatória em requisitos prudenciais dos bancos”, afirmou.

Sobre a participação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deve ser convidada para participar da fase de testes, Araújo explicou que gostaria de ter a instituição próxima do projeto mesmo neste primeiro momento da etapa de experiência, que não prevê ativos acompanhados pelo órgão. “Isso é para garantir a compatibilidade do que têm em mente de negociações de valores mobiliários em etapas futuras do projeto”, disse.