24/09/2021 - 12:32
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, disse nesta sexta-feira, 24, que a melhora no resultado do setor externo em agosto na comparação com julho se deveu à redução US$ 4,2 bilhões nas despesas líquidas na renda primária. O resultado das transações correntes ficou positivo em agosto deste ano, em US$ 1,684 bilhão, ante um déficit de US$ 1,584 bilhões em julho.
Este é segundo maior superávit para meses de agosto desde o início da série histórica do BC (em 1995), e o melhor desempenho desde 2006, quando o saldo positivo recorde foi de US$ 2,127 bilhões no mês. Para setembro, o BC espera um déficit de US$ 1,9 bilhão.
Rocha destacou ainda que a melhora na comparação com o superávit de US$ 950 milhões de agosto de 2020 se deve ao maior saldo da balança comercial neste ano.
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 5,648 bilhões em agosto, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,577 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 2,601 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 1,724 bilhão.
Nos 12 meses até agosto deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 19,505 bilhões, o que representa 1,23% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o menor déficit em proporção do PIB desde janeiro de 2018, quando ficou em 1,11%. Rocha destacou que o déficit acumulado em 12 meses até agosto é cerca de US$ 50 bilhões inferior ao rombo em 12 meses de US$ 69,016 bilhões acumulado até fevereiro de 2020 – antes da pandemia.
Fernando Rocha também destacou que o efeito da pandemia de covid-19 foi maior sobre o resultado das transações correntes do que sobre o saldo de Investimento Direto no País (IDP).
Os Investimentos Diretos no País somaram US$ 4,451 bilhões em agosto, de acordo com o BC. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 2,592 bilhões.
No acumulado dos 12 meses até agosto deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 49,356 bilhões, o que representa 3,12% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses até fevereiro de 2020 – antes da pandemia – a entrada de IDP estava em US$ 66,247 bilhões.
Seguindo a mesma comparação, em 12 meses até agosto deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 19,505 bilhões, cerca de US$ 50 bilhões inferior ao rombo em 12 meses de US$ 69,016 bilhões acumulado até fevereiro de 2020.
Viagens
Rocha ressaltou os aumentos nos últimos três meses no déficit na conta de viagens, com uma média de US$ 200 milhões, ante um saldo negativo médio de US$ 125 milhões nos três meses anteriores.
“Há aumento nas despesas líquidas com viagens, causada pela reabertura de voos para outros países e pelo aumento da imunização da população brasileira. A melhoria também da economia leva a um aumento das despesas dos brasileiros com viagens, embora o dólar alto atue no sentido contrário”, destacou.
A conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 195 milhões em agosto, informou hoje Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em agosto de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 123 milhões.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 447 milhões. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 252 milhões no mês passado.
No acumulado do ano até agosto, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,089 bilhão. Para efeito de comparação, Rocha apontou que em 2019 o déficit médio era de quase US$ 1 bilhão por mês. “Os gastos com viagens internacionais começaram a se recuperar, mas ainda estão muito aquém do nível pré-pandemia, com uma queda de cerca de 75% em relação a média mensal de 2019”, completou.