O Banco Central apresentou nesta terça, 28, sua nova metodologia para calcular o endividamento e o comprometimento de renda das famílias. Com essa alteração, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro aumentou de 48,7%, em agosto, para 49,4% em setembro. Pela metodologia anterior, que será descontinuada, a taxa estava em 59,9% em agosto – recorde da série em vigor até então.

Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,6% em setembro pelo novo cálculo, ante 30,1% do mês anterior – estaria em 37% em agosto pela antiga metodologia.

O BC explicou que apresentou o conceito da chamada Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF), uma nova medida de renda das famílias que aprimora e substitui a antiga medida de Massa Salarial Ampliada Disponível (MSAD), aproximando-se do conceito utilizado no Sistema de Contas Nacionais. Entre as principais diferenças em relação ao antigo modelo, de acordo com o BC, estão a inclusão de recursos recebidos extraordinariamente pelas famílias, como o saque emergencial do FGTS em 2019 e o auxílio emergencial recebido em 2020 e 2021, como parte das medidas para compensar a crise econômica derivada da pandemia de covid.

“As novas séries apresentam níveis inferiores aos das séries anteriores, em função do aumento dos seus novos denominadores, mas suas trajetórias no longo prazo permanecem essencialmente as mesmas – as trajetórias podem apresentar maior disparidade no comprometimento, que utiliza no denominador a média móvel trimestral do indicador de renda, enquanto no endividamento é utilizada a renda acumulada em 12 meses, explicou o BC em nota.

Trajetória

Durante a apresentação dos novos números, o chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, afirmou que o “novo indicador capta de forma mais precisa auxílios, férias, horas-extras e 13.º salário”.

Assim como foi mencionado na nota técnica divulgada pelo BC, Baldini disse que a nova metodologia considera uma renda mais alta e que, portanto, o endividamento tende a ficar menor. Ele também reforçou que o comportamento, a evolução e a trajetória do endividamento vão seguir iguais aos cálculos que eram apresentados anteriormente pelo BC. “A análise não muda”, garantiu ele.

O técnico salientou também que o aumento do endividamento não deve ser analisado como uma informação necessariamente ruim, já que isso pode significar a avaliação de famílias e empresas de que têm condição de honrar seus empréstimos. “A elevação do crédito imobiliário, por exemplo, é positiva”, afirmou ele, comentando que isso pode representar que o cidadão pode deixar de pagar aluguel.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 26,2% em setembro, ante 25,8% no mês anterior – era de 30,1% em agosto pela metodologia antiga. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 24,1% no nono mês do ano, ante 23,7% de agosto (27,6% pela conta anterior).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.