O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta sexta-feira que a melhora do resultado da conta corrente do balanço de pagamentos em maio deste ano, quando houve superávit de US$ 3,840 bilhões, deve-se ao resultado da balança comercial. “Houve crescimentos significativos em exportações e importações em maio”, pontuou. Rocha concedeu entrevista coletiva virtual a respeito das Estatísticas do Setor Externo, divulgadas pela manhã.

Em maio do ano passado, lembrou Rocha, houve déficit em conta de US$ 519 milhões. Deste modo, o resultado positivo de US$ 3,840 bilhões em maio deste ano representa uma melhora de US$ 4,359 bilhões.

O superávit de US$ 3,840 bilhões de maio é o melhor resultado para maio desde o início da série histórica, em 1995. Este também foi o segundo melhor resultado da conta corrente considerando todos os meses. Apenas em abril deste ano, houve superávit de US$ 5,663 bilhões.

Fernando Rocha também disse que, apesar da queda mais recente do dólar ante o real, que recolocou a moeda americana abaixo dos R$ 5,00, o fluxo de exportações do Brasil “tem a possibilidade de seguir com recordes” nos próximos meses.

“Esperamos haver comportamentos inversos entre exportação e câmbio, por exemplo. Quando há apreciação cambial, as exportações caem”, explicou Rocha. “Só que esta relação não ocorre de maneira tão direta e tão imediata. Operações de exportações e importações têm prazo bem maior para se concretizarem. No agronegócio, por exemplo, temos sazonalidade em termos de safra”, afirmou.

Neste sentido, conforme Rocha, as exportações – que vêm sustentando os superávits do balanço de pagamentos – “têm tudo para continuar caminhando bem”. “O dólar mais baixo tende a favorecer as importações, mas isso demanda um tempo”, acrescentou.

Rocha explicou ainda que os impactos mais imediatos de mudanças cambiais são percebidos, nas estatísticas do BC, em duas rubricas ligadas às exportações (considerando o câmbio contratado): “Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC)” e “Demais”.

Nestas rubricas, o volume de operações foi maior nos meses de março, abril e maio – quando o dólar se sustentava em patamares mais elevados ante o real. Com a queda recente do dólar, é esperado que estas duas rubricas também passem a reagir a isso.

Viagens

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central afirmou que, apesar do aumento do déficit de viagens internacionais no balanço de pagamentos, o valor registrado em maio ainda é baixo para o padrão da conta. Dados do BC indicaram que, em maio, a conta de viagens internacionais apresentou déficit de US$ 139 milhões, acima dos US$ 87 milhões de maio de 2020.

“Na comparação de maio de 2020 com maio de 2021, cresceu 60%”, disse Fernando Rocha. “Mas é preciso ter cautela para afirmar que está havendo aumento das viagens internacionais”, afirmou.

A cautela na análise é justificada pelo fato de que, em 2020, o déficit da conta de viagens internacionais despencou na primeira onda da pandemia, em meio ao fechamento de aeroportos e fronteiras ao redor do mundo.

“Agora, parece estar havendo receitas e despesas maiores na conta de viagens”, disse Rocha, ponderando que os valores ainda são baixos. O chefe do Departamento de Estatísticas lembrou que em 2019, antes da pandemia, a conta de viagens apresentava déficits mensais próximos de US$ 1 bilhão.

IDP

Fernando Rocha afirmou também que o Investimento Direto no País (IDP) em maio deste ano, de US$ 1,229 bilhão, é o menor resultado para meses de maio desde 2017, quando somou US$ 696 milhões.

Rocha chamou atenção ainda para o fato de o IDP acumulado em 12 meses até maio, de US$ 39,316 bilhões, ter caído 23,9% em relação aos 12 meses encerrados em maio do ano passado (US$ 60,425 bilhões).