Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) consideraram, na mais recente reunião de política monetária, que as tensões financeiras recentes eram “fonte de incerteza significativa” para o crescimento econômico e também a inflação, revelou a ata do encontro, publicada nesta quinta-feira, 20. O documento aponta que o comando do BCE reforçou que reagirá aos dados, mas também mostra que houve um acordo na reunião para sinalizar que, caso não tivesse havido a turbulência, o cenário-base seria de elevação maior nos juros.

A ata mostra que, em caso de maior calma no setor bancário, a inflação voltaria ao primeiro plano na preocupação dos dirigentes. Eles enfatizaram na reunião o fato de que ela seguirá “muito elevada por muito tempo”, reforçando a necessidade de manter política monetária apertada para conter a trajetória dos preços. O BCE ainda vê alguns riscos de alta para a inflação, e também riscos de baixa para o crescimento.

Os dirigentes avaliaram que houve algumas surpresas positivas em indicadores, mas também números acima do esperado na inflação, sobretudo em seu núcleo. Isso levou a uma reprecificação mais persistente por parte dos mercados sobre a trajetória dos juros, destaca a ata.

O BCE considera ainda que as condições de liquidez permanecem “sólidas” e os dirigentes também acreditam que o sistema bancário europeu é sólido. Sobre a economia global, eles viam sinais de estabilização, com a reabertura da China provavelmente apoiando o quadro, mas também com atividade “contida” no curto prazo no mundo. Na zona do euro, o aperto nas condições financeiras decorrente das altas de juros do BCE já começava a provocar efeitos “mensuráveis” na economia, aponta a ata.