O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, projetou nesta quinta-feira, 10, que as pressões inflacionárias na zona do euro devem arrefecer sem a necessidade de ajustes significativos na política monetária. A avaliação consta em artigo publicado no site do BCE, que ele repercutiu durante evento virtual nesta quinta-feira.

O dirigente justificou a análise com o fato de que a recente escalada da inflação é resultado de gargalos na cadeia produtiva, que eventualmente serão solucionados. “Como a política monetária orienta a demanda doméstica, um aperto da política monetária em reação a um choque de oferta externa significaria que a economia seria confrontada simultaneamente com dois choques adversos”, destacou.

Lane pontuou que os desvios de preços associados aos desequilíbrios na oferta são intrinsecamente de curto prazo. De acordo com ele, a alta dos preços de um produto escasso induzirá a criação de nova oferta, o que eventualmente colocará pressão sobre os preços. “Por essas razões, os aumentos iniciais nos preços relativos das categorias que tiveram alta demanda e/ou baixa oferta podem se estabilizar ou até reverter”, acrescentou.

O economista disse ainda que, embora haja sinais de gargalos em algumas áreas do mercado de trabalho europeu, o perfil geral aponta para recuperação da oferta de trabalhadores. “Esse aperto gradual do mercado de trabalho constitui um mecanismo fundamental para que a inflação se estabilize em nossa meta de 2% no médio prazo, enquanto não há indícios de superaquecimento agregado no mercado de trabalho da zona do euro”, ressaltou.