O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, alertou que os reajustes salariais na zona do euro por conta do maior custo de vida dos europeus deve ser um fator a pressionar a inflação pelos “próximos vários anos”, mesmo após os efeitos do preços de energia se dissiparem. No entanto, ele afirmou que isso não pode ser lido como uma “mudança permanente na dinâmica dos salários”, em análise publicada no site do BCE.

Há temor de que a alta dos salários crie uma espiral inflacionária na zona do euro, com dirigentes como a integrante do Conselho do BCE, Isabel Schnabel, alertando nesse sentido. Segundo ela, é necessário ação antecipada para evitar que isso ocorra, de forma a dificultar o trabalho de conter a inflação.

Lane ainda comentou que as expectativas inflacionárias na zona do euro aparentam estar “bem ancoradas” na meta de 2% do BCE, mas há risco de desancoragem, que pode ser mitigado ao subir os juros a níveis adequados.

“Na calibração dessa trajetória de juros, não há atalhos: a trajetória de inflação de médio prazo (e, portanto, a escala necessária do ajuste da política monetária) é mais bem avaliada por meio de análises abrangentes que incorporam toda a gama de variáveis econômicas, monetárias e financeiras que moldam a dinâmica da inflação”, disse o economista, sem dar maiores pistas sobre os próximos passos do BCE.