A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas confirmou na tarde desta sexta-feira, 15, que fará a transferência de bebês recém-nascidos em maternidades públicas para outros estados brasileiros por causa da falta de oxigênio disponível no estado. As crianças serão transportadas junto das mães se tiverem autorização dos responsáveis.

O Amazonas vive uma crise sanitária ainda pior do que a que foi registrada no auge da pandemia da covid-19 em 2020. O número diário de novas internações é o mais alto já registrado, tendo duplicado nas últimas duas semanas. Manaus concentra a maior parte das hospitalizações no estado.

O governo não especificou quantos bebês, entre eles prematuros, serão transferidos. “Técnicos da secretaria estão trabalhando no planejamento da logística de transferência e o quantitativo está sendo avaliado de acordo com as condições clínicas dos recém-nascidos”, informou por meio de nota.

Ainda não confirmação sobre as cidades de destino dos recém-nascidos, mas, assim como ocorreu no caso da transferências de pacientes com covid-19, governadores de outros Estados se colocaram à disposição. Ao ser informado da situação, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que o governo procurará o Amazonas e disponibiliza a receber todos os recém-nascidos.

“Nós acolheremos todos os bebês que puderem ser transportados aqui, a São Paulo”, afirmou. Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) publicou nas redes sociais que o Estado disponibilizará leitos de UTI pediátricos para atender crianças do Amazonas. “Equipes de saúde estão operacionalizando o transporte das crianças para Minas. Nós, mineiros, que já fomos muito ajudados em momentos de dor, estamos solidários”, completou.

Nesta sexta-feira, 15, pacientes do Amazonas com o novo coronavírus começaram a ser transferidos para hospitais de outras oito capitais. Segundo o Ministério da Saúde, estão garantidos ao menos 149 leitos adultos em São Luís, Teresina, João Pessoa, Natal, Goiânia, Fortaleza, Recife e Distrito Federal.

O boletim epidemiológico de quinta-feira, 15, divulgado pelo governo estadual, aponta que a ocupação na UTI para covid-19 é de 93,9% na rede pública da capital amazonense e de 86,73% na rede privada da cidade, o que representa uma média geral de 90,4%. A situação também se repete em leitos de enfermaria, que estão com uma ocupação média de 103,46% na rede pública de Manaus (ou seja, acima da capacidade do sistema) e de 80,9% na particular, com média de 93,1%.

Na quinta-feira, 14, o Amazonas teve 258 novas internações por covid-19, número que é 53% maior do que o pico do novo coronavírus em 2020, quando foram registradas 168 novas hospitalizações em um único dia de maio. Como a atual crise sanitária se concentra principalmente na capital, o recorde é ainda mais expressivo em Manaus, que teve 254 novas internações na quinta-feira, número que é 141% maior do que os picos de 105 hospitalizações de 2020, registrados em abril e maio.

A quinta-feira também teve recorde histórico no número de novos casos confirmados, com 3.816 em todo o Estado, enquanto o maior registro em um único dia de 2020 foi de 2.763, em maio. Apenas em Manaus, foram 2.516 testes positivos, enquanto, no auge de 2020, foram confirmados 1.723 novos casos, também em maio.