Solange Paiva Vieira, ex-superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), assumirá o cargo de diretora de Crédito à Infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no lugar de Petrônio Cançado, que deixará a instituição de fomento. Quando anunciou a saída de Vieira da Susep, no início de outubro, o Ministério da Economia já havia informado que a executiva voltaria ao BNDES, onde é servidora de carreira e foi chefe de gabinete da ex-presidente Maria Silvia Bastos Marques, entre 2016 e 2017, mas só agora suas novas funções foram definidas.

As mudanças na diretoria do BNDES foram informadas em comunicado interno aos funcionários e confirmadas, em nota, pela instituição de fomento. Assim como Cançado, a diretora de Pessoas e Cultura, Ângela Estellita Lins, também deixará seu cargo. O novo diretor será Rodrigo Aquino, superintendente da Área de Gestão de Pessoas e Cultura Organizacional, que é funcionário de carreira do banco.

O anúncio da saída de Vieira da Susep foi envolto de suspense. Em nota, o Ministério da Economia informou, no início de outubro, que a executiva conduziria no BNDES um “relevante projeto”. “Solange foi escalada pelo ministro para assumir a implementação de programas estratégicos da agenda econômica que serão executados por intermédio do banco”, dizia a nota, sem dar detalhes.

Vieira é tida como próxima do ministro da Economia, Paulo Guedes. A executiva se aproximou no ministro ainda durante o período de transição de governo, no fim de 2018, quando Guedes despachou numa sala da sede do BNDES no Rio. Nessa ocasião, a futura diretora chegou a ser cogitada para o comando do banco de fomento, mas acabou sendo indicada para a Susep. Na virada de 2018 para 2019, ela atuou ainda na elaboração da proposta de reforma da Previdência que acabaria sendo aprovada, como narrou Guedes na cerimônia de posse de Vieira na Susep, também sediada no Rio.

Além de comandar o órgão regulador do setor de seguros e de chefia o gabinete da Presidência do BNDES na gestão de Maria Silvia, no governo Michel Temer (MDB), Vieira foi secretária de Previdência Complementar e presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No setor privado, onde foi diretora do banco de investimentos Itaú BBA.

Em nota, o BNDES informou que a futura diretora dará continuidade à “estratégia de ampliar e diversificar a utilização de instrumentos financeiros nos projetos de infraestrutura”. “O objetivo é buscar cada vez mais sinergias/parcerias com o setor privado nos financiamentos a grandes projetos que virão nos próximos anos, com relevante parcela gestada pela Fábrica de Projetos” do BNDES, diz a nota, referindo-se às áreas responsáveis pela estruturação de projetos de concessão de infraestrutura.

Na nota, Vieira diz que espera “que o BNDES possa impulsionar cada vez mais o desenvolvimento da infraestrutura brasileira e assegurar o acesso a bens básicos como água potável, saneamento e energia a todos os brasileiros”. “Hoje, estimativas indicam que temos cerca de 35 milhões de pessoas sem água potável e 100 milhões que não têm acesso a esgoto”, continua a declaração.

Cançado, que deixará a diretoria, chegou ao BNDES junto do presidente Gustavo Montezano, em meados de 2019, vindo do setor privado. Antes de trabalhar no banco de fomento, o executivo era diretor financeiro da resseguradora Austral Re.

Segundo a nota do BNDES, na diretoria do banco, “Cançado deu início à priorização da agenda socioambiental” e “contribuiu para o desenvolvimento de importantes instrumentos financeiros, que elevam capacidade de investimentos de longo prazo em parceria com a iniciativa privada”, como “a criação de normativos que facilitam o financiamento a projetos sem necessidade de fiança bancária, a implementação de mecanismos para o BNDES criar fundos garantidores setoriais e a simplificação de regras para o banco participar da estruturação e emissão de debêntures” e outros títulos. Sem citar motivos para a saída, o executivo declarou na nota que “trabalhar no BNDES é motivo de muito orgulho e alegria”.