29/06/2020 - 17:53
Após perda de 2,24% na sessão anterior, que elevou o ajuste negativo da semana passada a 2,83%, o Ibovespa retomou a linha de 95 mil pontos nesta segunda-feira, 29, encerrando o dia na máxima da sessão, em alta de 2,03%, aos 95.735,35 pontos, saindo de mínima a 93.825,27. Assim, este início de semana mantém as idas e vindas que têm caracterizado os negócios na B3 desde o último dia 19, intercalando altas e baixas em base diária, as quais têm deixado o Ibovespa praticamente no mesmo ponto, sem fôlego para seguir muito adiante neste fim de junho e de segundo trimestre, e, ao mesmo tempo, insulado de uma realização mais forte que colocaria em jogo o terceiro avanço mensal consecutivo, desde o tombo de março.
No dia 19 de junho – quando fechou em alta de 0,46%, emendando a quarta alta após quatro perdas seguidas -, o Ibovespa estava a 96.572,10 pontos. Na sessão seguinte, no dia 22, caiu 1,28%, para 95.335,96, nível ao qual superou no fechamento de hoje. O giro financeiro, assim como na semana passada, esteve mais acomodado nesta segunda-feira, a R$ 22,4 bilhões. No mês, o índice de referência da B3 acumula alta de 9,53%, ainda cedendo 17,22% em 2020.
Após a preocupação com o teto de gastos na sexta-feira, em dia também negativo no exterior, o Ibovespa continuou a andar na mesma direção de Nova York nesta segunda-feira, animados pelos sinais favoráveis sobre a vacina contra Covid-19 em desenvolvimento na China e por novas indicações do Fed de que continuará apoiando a recuperação econômica. O índice da B3 ganhou fôlego a partir do meio da tarde, com a divulgação do Caged. Apesar de ter sido a pior leitura para maio desde o início da série histórica, que retrocede a 1992, a destruição de empregos no mês ficou abaixo das projeções, com mediana a -900 mil – o saldo líquido negativo em maio foi de 331.901 vagas.
“O dado do Caged foi positivo na medida em que as projeções econômicas vinham sendo muito rebaixadas e, caso os números macro e sobre a atividade venham a se mostrar menos ruins do que se temia, algo pode se desenhar para o segundo semestre”, diz o economista Renato Chain, da Parallaxis Economia. Ele, como muitos no mercado, considera que o momento na B3 tem sido condicionado mais pelo fluxo do que pelos fundamentos, com a ampla disponibilidade de liquidez provida por BCs ao redor do mundo, em esforço conjunto contra a pandemia, e os juros em mínima histórica no Brasil.
“Mas, como se observou também após a crise em 2008, chega o momento em que se forma uma bolha nos preços dos ativos, com tanta liquidez disponível. Neste fim de mês e de trimestre, o que se vê é cautela, com uma alternância entre compras e vendas moderadas em um horizonte mais curto, diante das incertezas”, aponta. Como pano de fundo, o mercado continuará a olhar na “vírgula” a possibilidade de uma segunda onda de Covid-19, e o que significará para a reabertura das economias, bem como a viabilidade de uma vacina em breve.
Nesta segunda-feira, Petrobras PN subiu 3,93%, com as ações de bancos mostrando ganhos entre 2,51% (Santander) e 5,09% (BB ON). Na ponta do Ibovespa, Via Varejo avançou 7,63%, seguida por Embraer (7,54%) e Pão de Açúcar (5,94%). No lado oposto do índice, BRF cedeu 2,70%.
“A alta do petróleo, que impulsionou a Petrobras, foi motivada pela notícia de que as quatro gigantes estatais chinesas (China Petroleum & Chemical, PetroChina, Cnooc e Sinochem) vão formar um grupo para ir ao mercado à vista e comprar em bloco petróleo, a fim de aumentar seu poder de barganha e, por consequência, diminuir a concorrência”, aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Do lado dos bancos, o novo adiamento da votação do projeto do teto de juros gera especulações de que o plano não deve sair do papel, pelo menos este ano, o que favorece o setor como um todo na Bolsa”, acrescenta.