10/06/2022 - 17:49
As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta sexta-feira, 10, após o índice de inflação ao consumidor (CPI) de maio dos Estados Unidos vir acima do esperado. O dado acendeu temores de alta de 75 pontos-base dos Fed Funds na próxima decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira, dia 15. Além disso, o índice de sentimento ao consumidor da Universidade de Michigan atingiu o menor valor da série histórica, deteriorando ainda mais o apetite por risco.
No fechamento, o índice Dow Jones caiu 2,73%, a 31.392,79 pontos, o S&P 500 perdeu 2,91%, a 3.900,86 pontos, e o Nasdaq recuou 3,52%, a 11.340,02 pontos. Na semana, as quedas foram de 4,58%, 5,05% e 5,60%, respectivamente. Entre os destaques negativos, estão os papéis da Meta (-4,58%) e Amazon (-5,60%).
O CPI dos EUA avançou 1,0% em maio ante abril. O resultado representa uma forte aceleração em relação à alta de 0,3% no mês anterior e superou a previsão de analistas, que estimavam avanço de 0,7%. Na comparação anual, o CPI dos EUA deu um salto de 8,6% no mês passado, no maior nível desde dezembro de 1981.
A Capital Economics afirma que o “salto na inflação” poderia “abrir a porta para uma alta maior, de 75 pontos-base”, nos juros pelo Fed na próxima semana. Economista sênior do Barclays, Jonathan Miller acredita que o BC americano vai elevar o juro básico em 75 pontos-base na semana que vem, ao invés da alta de 50 pontos-base esperada, até então, pelo mercado. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que sua administração continuará fazendo “tudo o que puder” para controlar os preços para sua população.
“Este foi um relatório de inflação muito ruim para a Casa Branca e o Fed. O último erro do Fed é que eles não agiram fortemente para esfriar a inflação e agora serão forçados a entregar mais aumentos de juros, já que a inflação claramente não é transitória e não está pronta para atingir o pico”, destaca Edward Moya, da Oanda. “A estagflação está se tornando o caso base para muitos traders”, completa. Além do CPI, hoje foi divulgado o índice de sentimento ao consumidor da Universidade de Michigan, que caiu de 58,4 em maio a 50,2 na preliminar de junho, atingindo o menor valor já registrado.
“Dado que as pressões de preços nos EUA mostram poucos sinais de afrouxamento, duvidamos que o Fed tire o pé do freio tão cedo. Portanto, suspeitamos que mais problemas ainda estão reservados para os mercados de ativos dos EUA, com os rendimentos do Tesouro subindo ainda mais e o mercado de ações permanecendo sob pressão”, analisa a Capital Economics. No final da sessão em Nova York, ferramenta do CME Group mostra que o mercado embute 75,5% de chances de aumento de 50 pontos-base na próxima reunião de quarta-feira, e o resto (24,3%) espera 75 pontos-base.