Em busca de aproximação com o eleitorado feminino, segmento em que enfrenta baixa aprovação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu início às celebrações do Dia Internacional da Mulher com uma cerimônia de hasteamento da bandeira e um café só com mulheres no Palácio da Alvorada.

Pela reeleição e orientado pela ala política do governo, Bolsonaro tem buscado se aproximar do público feminino, apesar de sua trajetória política ser marcada por frases de cunho machista.

O presidente já disse, por exemplo, que sua filha Laura foi uma “fraquejada” após ser pai de quatro filhos homens. No final do ano passado, Bolsonaro foi filmado dançando uma paródia de funk que comparava mulheres de esquerda a cadelas e oferecia a feministas “ração na tigela”.

No evento de hoje, o chefe do Executivo estava acompanhado pela primeira-dama Michelle e pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que protagonizou o hasteamento.

Cotada para assumir a vice na chapa de Bolsonaro à reeleição, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, não foi vista no evento, ainda que o compromisso conste em sua agenda oficial. Questionada pela reportagem se Tereza Cristina teria comparecido, a assessoria de imprensa do ministério confirmou a ausência sem dar detalhes e informou que ela deverá estar nos próximos eventos do dia.

Com duração de aproximadamente meia hora, a solenidade de hasteamento da bandeira foi marcada por fotos do presidente ao lado de mulheres. O governo, no entanto, não informou quem eram.

A banda marcial do Exército, depois do hino nacional, executou as músicas “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, “Smells Like Teen Spirit”, da banda de rock Nirvana, e “In the End”, de Linkin Park.

Após o hasteamento, Bolsonaro e Michelle convidaram as mulheres presentes, incluindo jornalistas, para um café no Alvorada. Os homens foram barrados. O presidente não conversou com os apoiadores presentes no chamado “cercadinho”.

Na programação do Dia da Mulher, Bolsonaro também tem marcado para as 10h o lançamento de iniciativas como programas de créditos voltados às mulheres no Palácio do Planalto.

Machismo

O histórico de Bolsonaro é marcado por frases machistas que vão além da “fraquejada” e o caso da paródia de funk. Em 2020, ele insultou a repórter da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello em conversa com apoiadores. “Ela (repórter) queria um furo. Ela queria dar o furo (risos dele e dos demais)”. Neste ano, disse ter dado um bom dia “mais do que especial” à primeira-dama Michelle em plena cerimônia oficial no Planalto.

Enquanto era deputado federal, em 2014 Bolsonaro afirmou, em discurso no plenário da Câmara, que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) “não merecia ser estuprada porque é muito feia”. Foi condenado a pagar indenização e a publicar um pedido de desculpas, em 2019.

Em 2016, declarou que mulheres deveriam ganhar menos do que os homens no trabalho porque engravidam. “Eu não empregaria (homens e mulheres) com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente”, afirmou, em entrevista.