Em evento no Palácio do Planalto para marcar o Dia internacional contra a Corrupção, o presidente Jair Bolsonaro disse não entender como um parlamentar pode ficar preso por sete meses. “Doeu no meu coração ver um colega preso? Doeu”, completou o chefe do Executivo.

Embora o presidente não tenha citado diretamente, trata-se de uma referência ao aliado Daniel Silveira (PSL-RJ), deputado federal preso de fevereiro a novembro – ou seja, nove meses – por discursos antidemocráticos. “Não posso entender um parlamentar ficar preso sete meses. Se errou, como todos nós podemos errar, jamais a pena seria para isso”, disse ainda Bolsonaro. “Se coloquem no lugar dele”, acrescentou.

O discurso foi marcado por uma série de críticas indiretas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a prisão de Silveira. “Eu não prendi ninguém, principalmente por liberdade de expressão. Isso é um ato antidemocrático, que dá nojo e é tapa na cara”, disparou Bolsonaro. “Estamos assistindo atos arbitrários no Brasil com constância”.

As críticas de Bolsonaro direcionadas ao ministro se intensificaram quando Moraes ganhou destaque à frente de processos que podem atingir o presidente e seus apoiadores. O ápice da tensão ocorreu no último Sete de Setembro, quando o presidente Bolsonaro chamou o ministro de “canalha” e ameaçou tentar afastá-lo do cargo diante da uma multidão na Avenida Paulista.

Bolsonaro ainda reiterou críticas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos). De acordo com o presidente, o antigo aliado não se empenhou para, junto à Polícia Federal, investigar o crime da facada sofrida por ele em 2018. “Será que os mandantes podem ser gente que a gente menos espera?”, perguntou.

Apesar das reclamações, Bolsonaro garantiu que não tem “vontade de desistir”.