A Bradesco Asset lança nesta quarta-feira um fundo de crédito privado de high yield (alto retorno, alto risco) que terá cotas negociadas na Bolsa. Com investimentos em renda fixa mais arriscados, o fundo integra a estratégia da gestora do Bradesco de avançar em produtos com maior grau de sofisticação.

Segundo a gestora, o fundo aloca em títulos como debêntures e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e agrícolas (CRAs), de emissores com maior risco e que, portanto, oferecem maior remuneração. Também entram no fundo títulos de crédito bancário (CDBs, letras financeiras) e cotas seniores e mezanino de produtos estruturados, como os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). O fundo tem, ainda, diversificação setorial e regional.

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Em cerimônia realizada na B3 nesta quarta-feira, 19, o presidente executivo da Bradesco Asset, Bruno Funchal, afirmou que a listagem do fundo na Bolsa é um passo para ampliar o público que pode ter acesso a esse tipo de investimento. “É um passo importante e que tem tudo a ver com o momento da nossa economia hoje”, disse ele.

As cotas do fundo serão negociadas na Bolsa sob o código BRHY11. A expectativa da gestora e da B3 é de que a listagem, a primeira de um produto do tipo, ajude a fomentar o mercado secundário para estes investimentos.

“Com a listagem do primeiro fundo da categoria na B3, mais portas se abrem para os investidores qualificados e institucionais atentos à diversificação”, diz em nota Juca Andrade, vice-presidente de produtos e clientes da Bolsa. “A exposição ao mercado de renda fixa com alocação multissetorial soma-se ao portfólio de produtos que atendem às demandas do mercado, cada vez mais exigente e sofisticado.”

Amadurecimento

Em conversa com jornalistas, o diretor executivo do Bradesco Roberto Paris afirmou que o banco pretende ampliar as oportunidades para a distribuição interna de produtos de investimento. Ao mesmo tempo, de acordo com ele, segue atento a oportunidades de mercado para avançar em diferentes frentes no segmento.

Neste ano, o Bradesco fez alguns anúncios relacionados à área de investimentos, como o acordo para receber os clientes das áreas de gestão de fortunas e de private do BNP Paribas e a compra de uma fatia da BV Asset, operação que dará origem a uma nova gestora em que o banco da Cidade de Deus terá o controle, mas que operará em paralelo à Bradesco Asset.

Na segunda operação, o foco do banco foi aproveitar a experiência da gestora do BV em produtos de investimento mais complexos, como os fundos imobiliários ou de crédito.

Nesta quarta, Paris afirmou que o momento do mercado de capitais brasileiro abre oportunidades, que têm sido percebidas, inclusive, por investidores estrangeiros. Segundo ele, em Washington, nas reuniões do FMI e do Banco Mundial, houve um otimismo de investidores internacionais com o País não visto há muito tempo.

“Os preços dos ativos brasileiros se adaptaram à nova realidade”, disse ele, citando o cenário de incertezas no mercado internacional.

A eleição, de acordo com o executivo, não tem despertado temores, porque a expectativa do mercado é de que qualquer um dos dois candidatos à Presidência deve manter, caso eleito, uma gestão fiscalmente responsável. “Custa muito pouco para o investidor esperar o resultado da eleição”, disse.

Segundo Paris, a Bolsa brasileira se beneficia na comparação com outros mercados, como o americano. “A bolsa brasileira ainda está barata, tanto no relativo quanto em termos absolutos.”