As decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre o tamanho da alta dos juros passam pelas condições financeiras das famílias e pelo desempenho da bolsa nos Estados Unidos, avalia o Bradesco em relatório. O debate sobre o assunto tem aparecido com frequência para o presidente da instituição, Jerome Powell, em entrevistas coletivas.

Os níveis atuais de riqueza das famílias americanas em ações e imóveis ainda se encontram bem acima do patamar pré-pandemia, o que sugere um impulso positivo para o consumo, aponta o relatório. “Esse aumento da riqueza refletiu, principalmente, a alta de preços dos ativos. O acúmulo de poupança durante a pandemia pode também ter contribuído para o aumento da riqueza, mas teve papel secundário.”

Os dados de riqueza das famílias americanas, divulgados pelo Fed e disponíveis até o terceiro trimestre de 2022, mostram os efeitos da queda dos preços dos ativos até o final de setembro, mas ainda não capturam a recuperação desde então. O S&P500, por exemplo, acumulava queda de 25% desde seu pico, em 3 de janeiro de 2022, até 12 de outubro do mesmo ano. Na avaliação do Bradesco, a riqueza em ações deve recuperar-se, em parte no quarto trimestre do ano passado e em janeiro.

“O aumento do consumo, que ajuda a explicar a resiliência da economia americana apesar do aperto da política monetária, parece ter sido financiado pela redução expressiva da poupança e aumento do endividamento das famílias. É provável que esse comportamento esteja relacionado com o efeito-renda, que se manifesta exatamente nas decisões de consumo, poupança e endividamento”, afirma o texto assinado por Constantin Jancsó.

O Fed deve se manter vigilante para não sancionar eventuais altas nos ativos geradas justamente por expectativas do mercado sobre a política monetária, indica o Bradesco, que projeta mais duas altas de 0,25 p.p. na taxa dos Fed Funds nas reuniões do FOMC de março e maio de 2023.