04/04/2016 - 15:37
O presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa–GIEFA, Sebastião Guedes, viaja nesta semana para Punta del Este (Uruguai) para participar do encontro da Comissão Sulamericana de Luta contra a Febre Aftosa. Entre os dias 7 e 8, os líderes dos criadores e autoridades sanitárias do continente irão avaliar os atuais índices de incidência da aftosa nos principais países detentores de rebanhos bovinos da América do Sul.
Na oportunidade, Guedes, que também é o vice-presidente do CNPC – Conselho Nacional da Pecuária de Corte, vai apresentar uma pesquisa iniciada em novembro último durante o fórum “2020 – O Futuro do Brasil sem Aftosa”, realizado em São Paulo com a presença de quase uma centena de representativas entidades da agropecuária brasileira e de lideranças do setor privado do Paraguai e Bolívia.
A referida pesquisa, cuja tabulação foi encerrada em Março, aponta que mais de 90% dos pesquisados desejam o fim progressivo da vacinação dos plantéis nacionais até 2020, pois consideram que a aftosa já está praticamente erradicada na maior parte do País e que, sem a vacinação, os pecuaristas poderão expandir as receitas com seus rebanhos e fazer com que se tornem mais competitivos no mercado mundial de carne bovina no chamado “segmento ou circuito não-aftósico”. Atualmente, o Brasil não participa desse mercado, hoje avaliado em U$ 12 bilhões, devido à insegurança dos países importadores – como Japão, Coréia do Sul, Singapura, México, Estados Unidos e Canadá entre outros – que não compram carne resfriada ou congelada de países que ainda usam a vacinação, pois têm dúvidas sobre a ocorrência da aftosa no gado vacinado.
O Brasil pode seguramente ampliar a área livre de aftosa sem vacinação, pois 84% do nosso rebanho estão em estados de 10 a 22 anos sem ocorrência de focos. A vacinação pode ser retirada principalmente por áreas dos circuitos pecuários ou por redução em faixas etárias dos rebanhos. A expansão da área sem vacinação deverá também ampliar as exportações de carne suína para atraentes mercados importadores, onde o Japão ocupa grande destaque.
Pesquisas conduzidas pelo PANAFTOSA demonstram ausência de circulação viral no nosso continente. Para Guedes, hoje, a maior preocupação do setor pecuário é com a brucelose, raiva bovina, clostridioses e outras doenças infecto contagiosas, e bem menos com a aftosa.