29/01/2020 - 10:08
O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira, 28, que está investigando três casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil – em Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. São os primeiros registros oficiais de possíveis infecções no País. Com isso, o governo decidiu elevar o alerta de nível 1 para 2 (em uma escala até 3), que significa “perigo iminente” da doença. O vírus já causou 132 mortes e 5.974 infecções na China e já teve pacientes confirmados em pelo menos 15 países.
No nível 2 de alerta, há isolamento de casos suspeitos e pessoas que tiveram contato com pacientes sob investigação são monitoradas. O governo também pode requisitar “bens e serviços” de pessoas físicas e empresas no atendimento a emergências. No nível 3, de emergência em saúde pública, pode haver até contratação emergencial de profissionais.
O caso de BH é de uma estudante brasileira de 22 anos, que esteve em Wuhan, cidade chinesa considerada o epicentro do vírus, e voltou ao País na sexta. Na segunda-feira, ela foi ao posto de saúde com dificuldade respiratória e febre. “Apresentava sintomas compatíveis, mas acredito que se trate de resfriado, uma gripe”, disse Dario Brock Ramalho, subsecretário de Vigilância Sanitária de Minas. Ela está em ala isolada no Hospital Eduardo de Menezes, na zona oeste da cidade, e tem quadro estável. No trajeto da China ao Brasil, ela passou por Paris, pelo Aeroporto de Guarulhos e depois pousou em BH.
Conforme o ministério, 14 pessoas que tiveram contato com a jovem são monitoradas. “Não há isolamento dessas pessoas, mas precisam ser acompanhadas para verificação de eventuais sintomas”, disse Ramalho. Ela relatou, segundo a pasta, não ter ido ao mercado de peixes de Wuhan, ponto suspeito de ser o local original de transmissão do vírus, nem ter tido contato com pessoas doentes.
Outro caso é de um professor de Inglês gaúcho, de 40 anos, que chegou ao Brasil na sexta-feira. Ele buscou o serviço de saúde, com febre, em São Leopoldo, Grande Porto Alegre, e está em isolamento. Ele é morador de Kunming, a cerca de 1,5 mil quilômetros de Wuhan. O ministério não deu informações sobre o registro do Paraná.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o governo “está preparado” para detectar o vírus. “Não é um sistema que está sendo preparado agora. Temos o plano de contingência e o que vamos fazer é atualizá-lo.” Pela manhã, a pasta informou ter recebido, desde o início do surto do vírus na China, “mais de 7 mil rumores” de infecção e cerca de 120 exigiram verificação das autoridades.
Após orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que classificou na segunda-feira como “elevado” o risco internacional do vírus, o governo federal passou a investigar suspeitas de pessoas vindas de qualquer parte da China. Antes só eram analisados pacientes vindos da região de Wuhan.
O Instituto Butantã participará de um “esforço internacional” para a produção de uma vacina contra o vírus.
Restrição
Mandetta recomendou que sejam feitas só viagens “em caso de necessidade” à China. O governo deve começar a distribuir cartilha a quem chega do território chinês com orientações sobre o coronavírus. O governo não planeja retirar brasileiros da China.
O presidente Jair Bolsonaro disse que não deve, por enquanto, retirar famílias brasileiras de regiões onde há pessoas infectadas. “Pelo que parece tem uma família na região onde o vírus está atuando. Não seria oportuno a gente tirar de lá, com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas”, disse, sem deixar claro se falava de uma família brasileira nas Filipinas que esteve recentemente em Wuhan. O Ministério das Relações Exteriores informou estar em contato com a família.
Bolsonaro ainda levantou dúvidas sobre informes divulgados pela China. “A gente espera que os dados da China sejam reais, (que seja) só isso de pessoas contaminadas. Se bem que é bastante. Mas a gente sabe que esses países são mais fechados no tocante à informação.”
Nesta terça, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que o país é “aberto, transparente e responsável”. A OMS disse que a China concordou em permitir a entrada de especialistas da entidade e os Estados Unidos ofereceram apoio técnico. A região de Wuhan recebeu cerca de 6 mil médicos para dar conta da demanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.