A fabricante gaúcha de utensílios Brinox ainda é mais conhecida pelos itens de inox, que costumam durar décadas. No entanto, para atender ao público jovem que, graças à proliferação de imóveis de um quarto, se aventura a morar sozinho pela primeira vez, a empresa percebeu que era preciso ter também em seu portfólio produtos de giro mais rápido.

O grupo, fundado no Rio Grande do Sul em 1988, é controlado há uma década pelo fundo australiano de private equity (que compra participações em empresas) Southern Cross Group. A empresa, ao deixar de ser um grupo familiar, foi às compras: adquiriu, por exemplo, a Coza, de utensílios plásticos – com a marca, deixou de atuar apenas na cozinha, mas também a ajudar na organização do lar como um todo. Hoje, a Brinox fatura cerca de R$ 400 milhões.

Em um mercado bastante pulverizado, a Brinox se vê no meio de duas forças de poder distinto. De um lado, a centenária Tramontina, também gaúcha, que lidera nos produtos de alto valor agregado; e, de outro, os utensílios importados da China, que conseguem um preço competitivo. O grupo nacional também produz na China e na Índia, mas informa que 70% de sua linha é feita em Linhares (ES) e Caxias do Sul (RS) – esta última, sua cidade natal.

Desde a troca do controle, o grupo é comandado pelo argentino Christian Hartenstein, que passou grande parte da infância e adolescência no Brasil. “Para concorrer em um mercado tão forte e consolidado, com produtos com a mesma qualidade e ao menos com o mesmo custo, crescemos com aquisições e investimentos”, disse o executivo ao Estadão.

Por isso, a empresa passou a investir em variedade. O portfólio, que hoje tem 6 mil produtos, não para de crescer. Nesse processo, cerca de 300 a 350 itens saem de linha todos os anos – e algo entre 500 a 700 passam a integrar a prateleira. “Toda vez que se lança um produto, mata-se outro”, explica o executivo.

Na companhia, o mais recente investimento ocorreu no meio do furacão da pandemia. Com um desembolso de R$ 50 milhões, a Brinox duplicou a capacidade de sua fábrica de panelas em Linhares, agora para 1 milhão de unidades mensais.

Passado o susto inicial com a pandemia, mesmo com as rupturas que a indústria tem enfrentado e o salto do custo da matéria-prima, o último ano tem sido de grande expansão. Em 2020, o grupo registrou aumento de 24% do faturamento e disse que o ritmo também foi acelerado na primeira metade deste ano.

Uma das razões para o resultado é o fato de que, ficando mais em casa, as pessoas passaram a cozinhar mais, precisando comprar itens que não tinham ou trocando os mais antigos. Outra explicação é mais estrutural: o Brasil é um País jovem e com um volume grande de pessoas montando suas casas do zero, algo que invariavelmente motiva a compra de itens de cozinha.

“O Brasil é um dos melhores lugares do mundo para esse mercado. Utensílios domésticos precisam de gente jovem, o que implica novas casas. Talheres, por exemplo, duram a vida toda. Você precisa comprar quando separa, casa ou quando compra uma casa nova”, aponta Hartenstein.

Uma das marcas da empresa, contudo, sentiu o baque da pandemia. A Haus Concept, fruto de uma aquisição realizada em 2015, fabrica produtos em melamina, um material que se assemelha à porcelana, utilizado em hotéis e restaurantes. Com os principais clientes em crise, a marca viu a demanda desabar.

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Para o sócio-fundador da consultoria de marcas iN, Fábio Milnitzky, a Brinox tem se destacado no setor por sustentar parte do seu crescimento previsto por meio da associação de temas como a sustentabilidade. Segundo ele, a companhia vem ainda se posicionando como um negócio engajado no combate à violência doméstica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.