O exterior positivo estimula alta do Ibovespa, em dia de agenda forte internacionalmente. A valorização das commodities, em meio a expectativas de aumento da demanda com a reabertura da economia chinesa, impulsiona as ações ligadas ao segmento na B3 e consequentemente o índice Bovespa. Há pouco, o índice renovou máxima, mirando os 113 mil pontos, após a divulgação do índice preços ao produtor, o PPI, e das vendas do varejo dos Estados Unidos.

O PPI caiu 0,5% em dezembro, ante projeção de -0,1%. As vendas do varejo cederam 1,1% no mês passado, contra projeção de recuo de 1%. Já a produção industrial cedeu 0,7% no mês passado, na comparação com expectativa de -0,1%. Em tese, os dados reforçam a ideia de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) poderá subir os juros em 0,25 ponto porcentual na reunião de fevereiro e não em meio ponto, como na passada.

“Os dados dos Estados Unidos sugerem um Fed menos ‘hawkish’ propenso a alta moderada dos juros. Além disso, as commodities sobem não só por causa da perspectiva de reabertura da China e ainda após o Japão deixar os juros inalterados”, avalia Rafael Azevedo, especialista em renda variável da Blue3.

Anderson Torres fica em silêncio durante depoimento à PF

Para além de uma eventual desaceleração no ritmo de alta dos juros americanos, há elevada incerteza em relação à duração das taxas. “A grande questão é ver até onde o Fed pode ir, dado que a sinalização é de que os juros ficarão altos por um longo tempo”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Além da influência externa, Monteiro cita questões locais como a sinalização do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem, em Davos, sobre a ideia de implementar um arcabouço fiscal e de votar uma primeira proposta de reforma tributária ainda no primeiro semestre do ano. “Isso também ajuda.”

Hoje, por aqui, fica no radar a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com as centrais sindicais para definir o novo salário mínimo. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, entregará hoje a Lula uma proposta feita por sindicalistas para criar uma regra de reajuste do salário mínimo. Pelos cálculos dos sindicalistas, o piso deveria ser de R$ 1.342 em 2023 – o valor atual está em R$ 1.302. As centrais pressionam para que, pelo menos, prevaleça R$ 1.320 neste ano.

“Os sinais do Haddad ajudaram e ajudam a acalmar os investidores, mas temos de ver como será a reforma tributária e qual de fato será o valor do novo salário mínimo”, afirma Azevedo, da Blue3.

Em Nova York, as bolsas sobem de forma moderada. Como destaca o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, o tema sobre o crescimento e inflação segue no radar, com preocupação maior na Europa. Com agenda forte, diz, deve ser um dia “agitado”. Por isso, completa, as bolsas internacionais exibem ganhos moderados.

O clima ameno internacional, com alta discreta dos índices futuros de ações norte-americanos e das bolsas europeias, ocorre em meio à decisão do Banco do Japão de deixar inalterada sua política de controle da curva de juros. A medida derrubou as taxas de retorno dos bônus soberanos, inclusive dos EUA, destaca em nota a MCM Consultores.

“Assim, os ativos de risco registram valorização na margem. Petróleo também é favorecido pela revisão para cima da projeção da AIE para a demanda de petróleo neste ano, por conta da expectativa de crescimento mais forte da China”, completa a consultoria.

O petróleo subia entre 1,63% (Brent) e 2,09% (WTI), enquanto o minério de ferro negociado em Dalian teve alta de 0,90%, a US$ 124,43 por tonelada. Sendo assim, as ações dos respectivos setores na B3 se valorizam, impulsionado o índice Bovespa.

Ontem, o Ibovespa fechou com ganhos de 2,04%, aos 111.439,12 pontos, após três pregões seguidos de queda.

Às 11h42, o Ibovespa subia 1,14%, aos 112.783,39 pontos.