O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 25, que nunca reclamou das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à atuação da autoridade monetária. “É natural que as pessoas anseiem por juros menores. É natural que esse debate venha à tona, apesar dos juros já terem sido maiores. Acho que presidente tem direito de falar de juros, em nenhum momento reclamei disso”, afirmou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Campos Neto considerou que o Brasil ainda tem um trabalho grande para fazer em reversão de expectativas para, aí sim, poder começar a reduzir os juros de forma saudável.

O presidente do BC argumentou mais uma vez que a instituição não é culpada pelas mazelas do País, mas sim um ator que está no mesmo barco do governo e trabalha junto. “O Brasil tem fatores de risco, como dívida e CDS maiores que emergentes”, alegou.

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Preocupação fiscal

Campos Neto disse ainda na CAE que a preocupação fiscal entre agentes do mercado está bastante alta neste momento. Ele destacou que a aprovação de reformas ajuda o BC a reduzir os juros.

“Hoje os juros longos estão em 12%, em 2016 estava em 17%. Quando se aprovou o teto de gastos, houve uma queda pequena na Selic, mas a curva de juros futura caiu de 17% para 10%. O impacto da credibilidade fiscal na curva futura foi gigantesco, o que abriu espaço para o BC baixar os juros”, afirmou o presidente do BC.

Arcabouço

Ele voltou a elogiar a proposta de novo arcabouço fiscal, mas lembrou que não há relação mecânica entre a aprovação da lei complementar e a política monetária.

Segundo ele, o BC monitora os efeitos da tramitação do arcabouço fiscal nas expectativas de mercado. “Entendemos que o arcabouço remove o risco de cauda de haver uma piora grande na trajetória da dívida. Entendemos que foi um movimento na direção certa”, afirmou.