O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, adiantou nesta quinta-feira, 29, que não aceitará uma eventual proposta de recondução ao cargo após o fim do seu mandato, em 2024, independentemente de qual candidato a presidente seja eleito este ano. “O processo de recondução gera um risco, porque quem está querendo ser reconduzido pode acabar sofrendo algum tipo de influência. A autonomia é justamente para isolar essa influência”, respondeu. “Isso não está relacionado a ser um presidente (da República) ou outro. É sobre o que eu acredito ser melhor para solidificar a autonomia do BC”, completou.

Questionado sobre os riscos do cenário eleitoral, Campos Neto repetiu que o BC não comenta sobre política fiscal, mas reforçou a importância de um arcabouço – independentemente de qual seja – que gere credibilidade ao mesmo tempo em que dê atenção para o social. “O mundo tem dado recados, como o que ocorreu no Reino Unido nessa semana. O mercado reagiu de forma negativa dessa vez a programas com forte componente fiscal. É uma mensagem clara de que os agentes estão preocupados sobre como a conta vai ser paga”, acrescentou.

Brasil gera 278,6 mil empregos formais em agosto, diz Caged

Autonomia

O presidente do Banco Central enfatizou que tem tido autonomia total desde que assumiu o cargo, mesmo antes da aprovação da lei que deu autonomia formal à autoridade monetária.

“A aprovação lei traz um benefício adicional, pois ela faz com que prêmios de risco em momentos de turbulência sejam reduzidos e isso acaba facilitando a eficiência da política monetária”, respondeu Campos Neto.