O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira, 22, em seminário do jornal Folha de S.Paulo, o movimento de melhora de expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e avaliou que tende a continuar no curto prazo. “Entendemos que movimento para cima deve continuar no curto prazo, se estabilizando em torno de 1,5%”, disse.

Nesta segunda, no Boletim Focus do BC, a expectativa para 2023 subiu de 1,02% para 1,20%, após surpresas na atividade no primeiro trimestre.

Segundo Campos Neto, no mundo, há uma discussão sobre uma mudança comportamental da população que poderia estar favorecendo serviços. Campos Neto avaliou que isso é mais claro em países que têm microdados, como Estados Unidos e membros da zona do euro, mas que também ocorre no Brasil. “As pessoas podem estar querendo viver mais experiências. Serviços mostram nova dinâmica, no Brasil não é diferente.”

O presidente do BC afirmou que, em termos de atividade, os emergentes estão um pouco acima dos países avançados. “Nos EUA, poupança da pandemia está acabando, e estoque grande está sendo consumido.”

Ele ainda repetiu que as taxas de juros estão altas no mundo inteiro e citou um fenômeno que tem acontecido em algumas regiões, que é a exportação do crédito para fora do sistema bancário. Nos EUA, o porcentual do crédito fora do sistema bancário já é de 47%, afirmou, mas há movimentos fortes também na Ásia e Europa, enquanto no Brasil ainda é incipiente.

No Brasil, Campos Neto voltou a ressaltar a necessidade de reformas diante de um equilíbrio de baixa taxa de crescimento estrutural e juro neutro e dívida mais elevados. “Se dívida está em 80%, crescimento estrutural em 1,6% e taxa neutra em 4%, como equacionar?”, questionou, reforçando a necessidade de reformas. “Temos que ter potencial de crescer mais gerando menos inflação.”