01/09/2021 - 13:43
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira que o Brasil convive com problema fiscal há algum tempo e com diversas faces. Ele voltou a defender o teto de gastos que, segundo ele, obriga o governo a fazer reformas. “Tivemos momentos em que o Brasil usou inflação para disfarçar o problema fiscal, e depois usou dívida. Se olharmos uma trajetória de longo prazo, o governo tem muita dificuldade de ajustar gastos. Nominalmente, houve muitos pequenos ajustes na história de muitos anos. Se pegar o gasto real, não houve ajuste nunca. Mesmo nos anos de superávit, o resultado veio da arrecadação e não do gasto”, afirmou, em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.
Ele reconheceu que a alta recente da inflação tem ajudado os resultados fiscais, mas voltou a dizer que há outros fatores para além do impacto da alta de preços na arrecadação.
“Temos projeções de longo prazo fiscais que melhoraram”, reforçou o presidente do BC. “O que importa para a credibilidade é que as pessoas olham para frente. É preciso continuar passando percepção de que haverá disciplina fiscal no futuro”, acrescentou.
Campos Neto destacou que as mensagens do governo e do ministro da Economia, Paulo Guedes, são sempre no sentido de defesa do teto de gastos. “É importante lembrar que essa é uma coisa que precisa ser cuidada sempre. Vamos entrar em um período eleitoral com um processo de polarização que faz os ânimos estarem mais acirrados. Ao mesmo tempo, precisamos de credibilidade para fazer a economia crescer”, completou.
O presidente do BC repetiu que o Brasil também precisa ter uma mensagem concisa de meio ambiente. “Temos uma janela de oportunidade com juros baixos. Mas é preciso ter credibilidade para atrair o capital. Sem inclusão e meio ambiente, dinheiro não vai vir para cá. Precisamos acertar isso”, concluiu.