25/11/2020 - 18:53
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 25, que parte da desvalorização maior do real em relação ao dólar, na comparação com outras moedas de países emergentes, se deve ao avanço da dívida pública.
Segundo ele, as preocupações com a área fiscal são uma das explicações por trás do movimento. “É importante voltar para a trajetória fiscal”, disse Campos Neto. “É importante passar a mensagem de que vamos trilhar o caminho do controle fiscal. Isso tende a ter efeito também sobre o câmbio.”
Em 2020, o dólar à vista acumula alta de 32,61% em relação ao real. No mês de novembro, porém, a moeda americana mostra maior acomodação, com baixa acumulada de 7,28%.
Em sua fala sobre o câmbio, Campos Neto lembrou que o encerramento do ano é, tradicionalmente, um período de mais remessas de recursos ao exterior. Ao mesmo tempo, lembrou que neste ano haverá ainda o efeito da redução do overhedge. Segundo ele, o BC está atento à questão.
Em eventos recentes, o BC vem pontuando que, se necessário, vai atuar no mercado de câmbio para suavizar a saída dos bancos do overhedge no fim do ano. Uma mudança na legislação sobre a tributação da variação cambial de investimentos no exterior extinguiu a necessidade de overhedge cambial dos bancos, que chegou a US$ 50 bilhões no pico em março. Desde março, o sistema já repatriou US$ 20 bilhões. Porém, restam US$ 30 bilhões que ainda precisam ser repatriados, metade até o fim deste ano e metade até o fim de 2021.
Ao tratar do câmbio, Campos Neto também pontuou que o Brasil tem hoje “o maior portfólio de projetos no mundo emergente”. Segundo ele, isso pode gerar entrada de moeda estrangeira no País, com efeitos sobre o câmbio.
Campos Neto participou hoje do evento virtual “IV Painel Cooperativismo Financeiro”, organizado pela cooperativa Sicoob Engecred.
Crescimento
O presidente do Banco Central disse hoje o Brasil vive de forma geral uma recuperação da atividade econômica “bastante robusta”, embora haja diferenciação entre setores.
Ele citou o crescimento do volume do crédito em 2020, aliado à redução das taxas de juros.
O presidente do BC reconheceu que alguns programas para auxiliar as empresas com acesso a crédito demoraram a deslanchar, mas ainda assim fez uma boa avaliação do funcionamento do mercado.
“Entendemos que houve insatisfação com alguns pedidos rejeitados, mas atuação geral dos bancos foi boa”, disse.
Campos Neto citou ainda o potencial do cooperativismo de triplicar a carteira de crédito desse segmento.