O candidato a vice-governador do Rio na chapa do governador Cláudio Castro (PL), Washington Reis (MDB), foi alvo, na manhã desta quinta-feira, 1º, de uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). A ação apura suposto favorecimento na contratação de uma cooperativa de trabalho pela Secretaria de Saúde de Duque de Caxias. As contratações suspeitas superam R$ 560 milhões. Agentes da PF cumprem 27 mandados de busca e apreensão em todo o Estado na Operação Anáfora.

Em nota, a assessoria de Reis confirma ter recebido agentes da Polícia Federal em sua casa. Eles tinham mandados de busca e apreensão em uma investigação sobre suposto favorecimento em contratos de uma cooperativa de trabalho. Reis diz que colaborou com a Polícia.

“Washington destaca que atendeu aos policiais e se colocou à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. A polícia fez o seu trabalho, sem nenhum tipo de interrupção ou dificuldade e nada foi encontrado. Os agentes também estiveram na Fazenda Paraíso, com outros mandados de busca e apreensão, para averiguação, onde também não encontraram nada ilegal, apenas o espaço em seu funcionamento regular onde, neste momento, mais de 60 dependentes químicos encontram-se em tratamento já que o local é o maior centro de recuperação de dependentes químicos do país”, diz.

O governador Cláudio Castro afirmou em nota que “respeita o trabalho da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) e aguarda os desdobramentos da operação.”

Operação Anáfora

Segundo a PF, os valores do contrato e aditivos suspeitos de fraude chegam a R$ 563,5 milhões em pouco mais de dois anos.

Cerca de 130 policiais federais e servidores da CGU cumprem 27 mandados de busca e apreensão. Foram expedidos pela 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A ação ocorre em Duque de Caxias, Maricá, Angra dos Reis, Mesquita, Niterói, Nova Iguaçu e na capital fluminense.

De acordo com a PF, a investigação, iniciada em janeiro deste ano, mostrou que a cooperativa de trabalho pertence a uma “estruturada e complexa organização criminosa que vem operando no Estado do Rio de Janeiro em um contexto de corrupção sistêmica, por meio de desvio de recursos públicos, em especial na área da saúde, há décadas”.

“Uma característica acentuada da organização criminosa em questão foi justamente a repetição do seu modo de atuar, ou seja, o emprego do mesmo modus operandi tanto na constituição de empresas geridas por interpostas pessoas, quanto na forma de contratar com entes públicos. Através de uma densa confusão patrimonial e administrativa existente entre as pessoas jurídicas pertencentes ao grupo, as práticas delitivas se repetiam, de maneira recorrente, assim como uma Anáfora”, diz a PF.

Condenação no STF

Ex-prefeito de Duque de Caxias, Reis teve uma condenação por danos ambientais mantida pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, 31. Por 3 votos a 2, o colegiado confirmou a sentença imposta ao político. É de sete anos, dois meses e 15 dias de reclusão, em regime inicial semiaberto. Os crimes imputados ao candidato a vice de Claudio Castro ocorreram entre 2005 e 2009.

Reis foi sentenciado por danos a uma área em que havia determinado a execução de um loteamento. Fica na zona de amortecimento da Reserva do Tinguá. O político, segundo reconheceu a Justiça, incorreu em delitos previstos na Lei de Crimes Ambientais e na Lei sobre Parcelamento do Solo Urbano.