Neste ano, o mundo terá sete bilhões de habitantes e, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pode chegar a 9,5 bilhões em 2050. Ásia e África responderão por mais de 90% do crescimento, enquanto as Américas, a Europa e a Oceania contribuirão com 250 milhões de indivíduos. Essa explosão demográf ica é associada ao aumento da longevidade, ao crescimento da classe média, à migração para áreas urbanas e, curiosamente, ao declínio da natalidade.

“Apesar de a produção atual de alimentos ser suficiente para atender à demanda global, há quase um bilhão de famintos”

Ariovaldo Zani é vice-presidente executivo do Sindirações

Embora a produção de alimentos seja suficiente para atender à demanda global, há quase um bilhão de pessoas famintas no mundo. A situação é consequência da persistente inflação dos alimentos, da especulação financeira e da desigual distribuição de renda em um grande número de países. A produção sustentável de alimentos, notadamente de carnes, leite e ovos, que tem substituído a milenar dieta à base de raízes e grãos dos consumidores dos países emergentes (sobretudo os da Ásia), pode desarmar o gatilho apocalíptico da fome.

Até 2050, o consumo de proteína animal no mundo deve alcançar mais de 465 milhões de toneladas de carne suína, bovina, ovina e de aves. O consumo per capita vai aumentar em todas as regiões do planeta. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que até 2020 os principais produtores de carnes serão a China, a União Europeia, os Estados Unidos e o Brasil, no qual a produção deve crescer 22%, 17% e 13%, respectivamente, para carne suína, de aves e bovina.

De acordo com a FAO , daqui a 40 anos, o consumo por carnes e outros alimentos deve dobrar. Cerca de 20% dessa demanda adicional será compensada por terras aráveis que serão incorporadas à produção e mais 10% pelo aumento da intensificação das safras. Os 70% restantes virão da implementação da tecnologia atualmente disponível, aliada à inovação.

 

Efeito estufa: experimento comprova a redução da emissão de dióxido de carbono na criação em regime semiconfinado

Os pesquisadores brasileiros têm contribuído para o avanço da ciência, com estratégias de otimização do desempenho zootécnico, simultaneamente à redução da excreção ou perdas de nutrientes na alimentação animal. Vários experimentos realizados no País, em parcerias que envolvem a indústria de alimentação animal, as universidades e a Embrapa, demonstraram ganhos ambientais justificados pelo uso de aditivos alimentares na ração animal. Os aditivos têm como princípio o aumento da eficiência alimentar e o ganho de peso dos animais.

Experimento da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) comprova a mitigação na emissão de gases de efeito estufa na produção de bovinos de corte, em regime de semiconfinamento. Houve redução de quase 40% na emissão de dióxido de carbono – equivalente por quilo de carne produzida, comparado ao manejo a pasto.

Essa capacidade de resposta sofre críticas de uma parte de ambientalistas mais radicais, cujo discurso confunde a sociedade. A indústria de carnes tem respondido a essas críticas com produção cada vez mais sustentável. É preciso, porém, mais vontade das autoridades dos países desenvolvidos para a regionalização dos padrões técnicos e sanitários, além de referências sensíveis ao cenário macroeconômico que afetam as políticas públicas locais. Um dos indicadores mais precisos para medir as desigualdades entre os países é o gasto com alimentação. Uma família alemã despende, por semana, US$ 500 com alimentos; nos EUA são US$ 342. Enquanto isso, na China o gasto é de quase um terço e na África, mísero US$ 1,23.